segunda-feira, 22 de julho de 2019

Quando se jogava futebol na Ataíja de Cima




Na verdade, este post leva-nos a um tempo ocorrido um pouco antes de se jogar futebol a sério na Ataíja de Cima. Leva-nos aos tempos que precederam a constituição do Clube Desportivo e Recreativo Ataíjense que, como referimos em outros posts já publicados neste blog, teve o seu tempo de glória sob a direcção de Francisco da Silva Salgueiro, na segunda metade da década de 1990, quando disputou o campeonato da 1ª Divisão da Federação Distrital de Futebol de Leiria.

Quando esta foto foi tirada, o campo ainda era meio improvisado e de dimensões minúsculas, inferiores ao mínimo regulamentar e ainda convivia com a Lagoa Ruiva, ocupando a parte disponível do respectivo Rossio e assim permaneceu até ao entulhamento da lagoa e à inauguração, no mesmo local, do Estádio da Rã, o que ocorreu em 1 de Outubro de 1995, como se vê da placa que, julgo, ainda ali existe.

Não sei a data da fotografia (talvez algum dos retratados nos consiga esclarecer, com rigor). Muito provavelmente, terá sido tirada em 1979 ou 1980, já que um dos retratados, o Manuel "Pui", agora com 57 anos, diz que teria na data da foto, uns desassete anos de idade.
Certo, é ser a foto anterior a Junho de 1983, ano da morte prematura, por acidente, de Luís Torres (Luis de Sousa Sabino).



Tanto quanto pudemos apurar são os seguintes os jogadores retratados de quem, em alguns casos e para melhor identificação, se indica também a alcunha por que são conhecidos:

Em cima, da esquerda para a direita, Joaquim Maurício (Quim da ti’Maria Rosa), Manuel Agostinho (Manuel Russo), Leonel Maurício (Leonel da Quites), José Branco e Luís de Sousa Sabino (Luis Torres).
Em baixo, também da esquerda para a direita, Silvino Constantino, José Veríssimo, Francisco Tomé, Daniel de Sousa, Vitor Manuel Ribeiro Vigário (Manuel Pui) e Rogério Vigário



Obrigado à Amália pela cedência da fotografia.
Obrigado ao Hélder Matias pela ajuda na identificação dos jogadores.



quinta-feira, 4 de julho de 2019

sobre A Indústria da pedra e o PNSAC



No âmbito das comemorações do quadragésimo aniversário do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, teve lugar no passado dia 28 de Junho de 2019, nas instalações da empresa Solancis (http://www.solancis.com/pt/), na Benedita, um evento subordinado ao tema “Inovação tecnológica e economia circular na utilização de recursos geológicos”

Os cerca de cem participantes receberam as boas vindas do CEO da Solancis, Sr. Samuel Delgado que se congratulou com o facto de ser possível este evento que, disse, ficará na história do sector da pedra e deixa a Solancis muito orgulhosa, por juntar no mesmo propósito  a indústria, o PNSAC, e a escola representada pelo Instituto Politécnico de Leiria, constituindo uma recompensa por muitos anos de trabalho.
Víamos a PNSAC como um inimigo e agora vê-mo-lo como um parceiro. Disse.

O Engº Carlos Neves, professor no Instituto Politécnico de Leiria, proferiu uma palestra subordinada ao tema Fábricas do futuro: A relação connosco e com o cotidiano, na qual percorreu brevemente as caraterísticas distintivas das 1ª, 2ª e 3ª revoluções industriais e a 4ª revolução, que agora desperta e na qual a fábrica, a fábrica do futuro que agora começa, será bastante diferente das que conhecemos, cada vez mais automatizada e robotizada constituída por sistemas ciberfísicos, capazes de produzir produtos inteligentes e centrada no serviço.

Chamou a atenção para o facto de que esta 4ª revolução já começou embora, como aconteceu com as anteriores revoluções industriais, muitos disso se não apercebam.


Célia Marques, Diretora de qualidade, ambiente e território da ASSIMAGRA, falou sobre A sustentabilidade da indústria extrativa no PNSAC: Compatibilizar e cooperar para a exploração racional de massas minerais e a valorização do território, debruçando-se sobre os constrangimentos à actividade extractiva, designadamente a necessidade de assegurar a sustentabilidade ambiental das explorações na área do parque natural,  respeitando o rico património paisagístico, geomorfológico e paleontológico, bem como a sociedade, as populações e a economia tradicional que ainda subsiste em largas zonas e enunciou os problemas para as cerca de 350 pedreiras (de todos os tipos, apenas 98 de rochas ornamentais) que laboram na área e nas novas formas, nomeadamente através de comissões mistas, que vêm sendo encontradas para o diálogo entre o PNSAC, os municípios e a indústria extractiva.

A Dra. Maria de Jesus Fernandes, directora do Departamento Regional de Conservação da Natureza e Biodiversidade de Lisboa e Vale do Tejo, moderou um breve debate, durante o qual o sr. Samuel Delgado referiu a necessidade de breve aprovação do PDM (de Alcobaça) que está em revisão desde o ano 2000 e, do mesmo modo o Plano de Ordenamento do Parque que, igualmente, carece de revisão.

Engº Geólogo Marco Aniceto, da Solancis, falou sobre alguns dos aspectos da actividade da Solancis de cujas 12 pedreiras, 9 se situam na área do PNSAC, centrando-se na recuperação paisagística das pedreiras abandonadas (para cujo enchimento se aproveitam quer as escombreiras locais, quer desperdícios das pedreiras). Mencionou, a este propósito, números interessantes:

As pedreiras existentes do PNSAC ocupam uma área de  776 ha, correspondente a  1,94% da área total do parque que é de 40.000 ha.
As pedreiras da Solancis ocupam 34 ha, correspondente a 4,45% da área total das pedreiras.

Na área do parque foram já objecto de recuperação 80 ha, dos quais 21,7%, correspondentes a 17 ha, foram recuperados pela Solancis.

Enunciou medidas tendentes a assegurar a sustentabilidade das explorações, designadamente o facto de que as pedreiras produzem, quase exclusivamente, para alimentar as necessidades da fábrica (sendo que a fábrica só trabalha para satisfazer encomendas), extraindo-se apenas o necessário e quando necessário, minimizando-se os stocks.

Na fábrica, de imponentes dimensões, que visitámos de seguida, prenderam a atenção deste visitante o elevado grau de automatização, o sistema de recolha de desperdícios (toda a fábrica é percorrida por túneis onde correm tapetes rolantes que recolhem os desperdícios de pedra e os encaminham para o local onde são carregados nos camiões que os conduzem ao seu destino final), a produção própria de energia eléctrica, por recurso a painéis fotovoltaicos que já corresponde a quase 20% do consumo, (respectivamente, 1111 kwh/dia e 6098 kwh/dia) e os números, igualmente impressionantes, relativos à ETAR própria, com capacidade de tratamento de 8000 litros de água por minuto e a produção de lamas que atinge as 30 toneladas diárias.

Ao terminar a visita passamos por um veículo plug-in que estava a carregar as suas baterias e a provar que na Solancis as questões ambientais são levadas a sério.

Numa das paredes da recepção da Solancis este painel mostra diferentes acabamentos da pedra, que a entrada de designers na fábrica e a moderna maquinaria CNC (controlo numérico computorizado) agora permitem.


O PNSAC ofereceu aos participantes algumas das suas publicações:

- Plantas a Proteger no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros;
- Guia de Aves do PNSAC;
- Guia de Recuperação de Áreas Degradadas.

No decurso da visita tive a oportunidade de cumprimentar dois ataíjenses que ali trabalham e se hão-de ter interrogado sobre o que eu fazia ali. A resposta a essa interrogação é simples: Por um lado, a minha convicção de que o assunto interessa à Ataíja de Cima e o objectivo de dar conta dele neste blog. Por outro lado, a tentativa – conseguida – de aprender alguma coisa. É que eu acredito firmemente que, enquanto aprendemos, não envelhecemos verdadeiramente.

A jornada terminou com um pic-nic na Casa Florestal de Vale de Ventos, uma degustação de produtos regionais oferecida pela CMA, que constituiu uma excelente oportunidade para a troca informal de impressões entre os participantes.