No entanto, antes de voltar aos lagares de azeite da Ataíja de Cima, julgamos interessante dar algumas informações sobre os diversos tipos de prensas.
É que, a propósito do lagar dos frades, muito se fala em lagares de varas e os leitores mais jovens terão talvez dificuldade em saber como funcionava tal maquineta.
Procuramos nos livros e na internet mas não encontramos uma fotografia ou um desenho que nos parecesse suficientemente claro, pelo que decidimos fazer nós um esquema:
Este tipo de prensas não se usava apenas nos lagares de azeite mas, também, nos de vinho. Quem tem a minha idade lembra-se, certamente, de ver na Ataíja de Cima um lagar de vinho equipado com uma prensa de vara.
Era propriedade de Augusto Ribeiro e ficava na Rua dos Arneiros, do lado poente, em frente à casa do proprietário (hoje a casa de António Salgueiro), mesmo onde hoje é o caminho de acesso à casa de José Neto (Diabo).
O sistema de funcionamento era bem simples:
Fazendo força nas alavancas para fazer rodar o fuso, este puxava a vara para baixo, apertando o enceiramento e, continuando a rodar o fuso, o peso (que era uma grande pedra, semelhante a uma mó) acabava por ficar em suspensão, obtendo-se, então a máxima pressão possível e que era a correspondente ao peso do fuso, do peso e da vara (que era, na verdade, um grande tronco).
Este tipo de prensa foi usado durante séculos até que, já no Séc. XIX, se começou a usar a prensa de parafusos:
(Prensa de parafusos, num lagar de azeite do concelho de Arouca. A fotografia foi publicada em "Estudos Aveirenses", n.º 2, ISCIA, Aveiro, 1994)
Após a vulgarização dos motores diesel surgiram as prensas hidráulicas, com as quais foram equipados todos os lagares da nossa região que eu conheci a funcionar e, ainda hoje, equipam a grande maioria dos lagares de azeite de todo o país:
(Prensas hidraulicas num lagar de azeite da freguesia de Olalhas, concelho de Tomar, durante a campanha de 2009)