domingo, 27 de fevereiro de 2011

Carnaval na Ataíja de Cima



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Se não conhece o Carnaval da Ataíja de Cima, veja neste blog (etiqueta Festas), algumas imagens dos cortejos de 2009 e 2010 e não perca a ocasião de se divertir no Carnaval mais genuíno da nossa região.


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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Artistas Ataijenses - Inês Neves

IGREJAS E ERMIDAS DO CONCELHO DA BATALHA



A Câmara Municipal da Batalha acaba de editar o livro "Igrejas e Ermidas do Concelho da Batalha - Aguarelas de Inês Neves".

Trata-se das aguarelas reproduzindo todos os edifícios religiosos daquele concelho, que a Inês Neves expôs na Galeria Mouzinho de Albuquerque entre 11 e 27 de Setembro de 2010, - como em devido tempo referimos neste blog (aqui) - numa exposição de grande êxito, onde a Inês conseguiu, não só vender todas as obras expostas mas, ainda, os direitos de publicação em livro que foram adquiridos pela Cãmara Municipal da Batalha.

Parabéns, pois, à Inês Neves e, também à Câmara Municipal da Batalha que soube reconhecer a qualidade e a importãncia do seu trabalho e foi capaz de o publicar em tempo record.

Ainda não conhecemos o livro que pretendemos adquirir na primeira oportunidade mas, tendo visto a exposição, estou certo de que vou gostar muito de o ter na minha estante e que, por se tratar de um repositório único do património concelhio da Batalha, virá a ter um importante papel na divulgação do concelho e na consciencialização dos batalhenses para a necessidade de preservação do seu património.

O livro encontra-se à venda na Câmara Municipal da Batalha

Para conhecer mais sobre o trabalho de Inês Neves:
http://artederecordaravida.blogspot.com/


ADITAMENTO:
(1-3-2011)

Agora que já possuímos o livro (obrigado Inês), achamos importante acrescentar ao texto acima, a transcrição do essencial do prefácio, da autoria do Presidente da Cãmara Municipal da Batalha:

"Foi com muita satisfação e enorme entusiasmo que, aquando da inauguração da Exposição de Aguarelas "Arte de Recordar", da autoria de Inês Neves, que decorreu na Galeria de Exposições Mouzinho de Albuquerque em Setembro do corrente, nos deparámos com os magníficos trabalhos que agora se reproduzem.
A mostra artística desta batalhense autodidacta, revela-se um interessante exercício de descoberta do património religioso deste Concelho e assume-se, por conseguinte, como um espólio cultural que interessa valorizar e, acima de tudo, preservar.
Por esta razão, propôs o Município da Batalha à autora das aguarelas a reprodução das mesmas, com o objectivo de perpetuar este interessante levantamento do património religioso concelhio.
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Com a publicação da obra "Igrejas e Ermidas do Concelho da Batalha", pretende o Município divulgar o enorme legado patrimonial religioso, estimulando a sua descoberta e defesa.
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Esta é uma obra eminentemente visual, cujo destaque recai, naturalmente, para as aguarelas produzidas pela Inês Neves que soube captar minuciosamente nas formas e nas cores, os diversos pormenores estéticos e artísticos que caracterizam estas construções.
Agradeço à autora das obras a colaboaração prestada, que permitiu ao Município da Batalha a edição de mais este título formulando votos para que os leitores se contagiem pela beleza e sentido estético das aguarelas aqui reproduzidas.

Batalha, Dezembro de 2010
O Presidente da Câmara Municipal da Batalha
António José Martins de Sousa Lucas

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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A Cisterna

do ti' Manuel Luís


Afastada que está a Ataíja, das fontes de água mais próximas (Chiqueda, Truil, Mogo), a vida nestas terras sempre dependeu, até há menos de vinte anos, do aproveitamento da água das chuvas que se retinha em cisternas e poços e, para os animais, em lagoas, barreirões, barreiros, pocinhos, piões e pias.


As cisternas (depósitos estanques com paredes de pedra argamassada e rebocadas) eram de difícil construção em terrenos pedregosos e tinham as suas paredes muitas vezes construídas com a própria pedra que se extraía para a abrir. Eram, por isso, obras muito caras, só ao alcance de alguns e são, em consequência, bastante raras (a maioria das cisternas existentes foram construídas já na segunda metade do Séc. XX).

Daí que, um certo dia, há já alguns anos, tendo olhado com atenção a belíssima cisterna existente junto à casa que foi do ti’ Manuel Luís, na Rua das Seixeiras, vendo a data de construção e sabendo que a família era pobre e os filhos muitos, perguntei ao ti’ José da Graça onde tinha o pai – com tão grande família para alimentar – arranjado dinheiro para a obra.

Ao que ele me explicou que o Manuel Luís e o seu irmão João Luís tinham um curioso meio de assegurar a subsistência das famílias: Eram, ambos, responsáveis por uma vacaria, numa quinta nos arredores de Lisboa, onde se criavam vacas leiteiras.

Revezavam-se na função, por períodos de cerca de três meses. Enquanto um tratava e mungia as vacas, o outro vinha até à Ataíja para cuidar das magras terras familiares e olhar pelas famílias (e, digo eu, fazer mais um filho que, do Manuel, teve a ti’ Maria da Graça 14 partos e, do João, teve a ti’ Rosalia outros nove).

A cisterna era encimada por uma cruz de que agora só sobra a base. A janela destina-se a ventilação. No bordo da abóboda corria um canalete que recolhia a água da chuva que caía sobre a cobertura.


 Retirava-se a água, à corda, com uma bilha de barro ou um balde de folha de flandres e despejava-se numa pia de pedra que existe no interior da cisterna, do lado esquerdo do acesso e que, no exterior, termina na gárgula que se vê na fotografia.


Do lado direito do acesso, a lápide, constituída por três pedras, contendo a data de conclusão da obra - 16-8-1923 e a identificação dos proprietários M.L.S. (Manuel Luís de Sousa) e M.G. (Maria da Graça).
Repare-se, ainda, no curiosíssimo desenho do G.
 
 
Eis um monumento ataijense que espero um dia ver recuperado, como uma homenagem à difícil vida dos nossos antigos e para que os jovens e os vindouros saibam alguma coisa acerca do que foi a sua luta pela sobrevivência.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Visconde de Costa Veiga

proprietário na Ataíja de Cima


Entre os diversos nobres e burgueses que no Século XIX eram proprietários na Ataíja de Cima encontrava-se o Visconde de Costa Veiga.
No caso de que hoje tratamos, curiosamente, não do costumado olival mas, de terras de vinha e mato, situadas na margem esquerda da Ribeira do Mogo.
De facto, em 23 de Julho de 1890, no escritório do tabelião Francisco Eliseu Ribeiro, em Alcobaça, foi celebrada a escritura da compra que, pelo preço de 72$000 réis, Sabino dos Santos, alfaiate, morador na Ataíja de Cima, fez a Joaquim Matias e mulher Maria Firmina, de:

 “uma vinha e mata, no sítio da Várzea da Ratinha, confrontando a norte com José Carvalho e Visconde de Costa Veiga, a sul com José d’Horta, a nascente com caminho e a poente com regueira”.

O Visconde era filho de António Xavier da Costa Veiga, nascido em Tábua em 4-5-1803 e falecido no Lumiar (Lisboa) em 1876 e a quem, em 1865, foi atribuído o título de Barão de Costa Veiga.
Tratava-se de um rico proprietário que a certa altura comprou o palácio Ludovice, um imponente edifício do Séc. XVIII, na Rua de São Pedro de Alcântara, ao cimo do elevador da Glória, onde actualmente funcionam o Solar do Vinho do Porto e o Instituto Português de Cinema e que foi construído, para sua residência, pelo arquitecto do Convento de Mafra, o alemão Johann Friedrich Ludwig que, nacionalizado português, passou a usar o nome de João Frederico Ludovice.

Sei pouco deste Barão de Costa Veiga mas, aparentemente, a sua fortuna terá sido conseguida no Brasil onde, em São Paulo, existe uma rua com o seu nome.
Certo é que era figura importante já que no seu palácio de Alcobaça pernoitou o Rei D. Luís I, (o que, aliás, aconteceu em 1863, dois anos antes de lhe ter sido concedido o baronato).

O título de Visconde de Costa Veiga foi criado pelo mesmo D. Luís I e concedido por carta de 31-03-1881 ao filho do Barão, de seu nome igualmente António Xavier da Costa Veiga, nascido em Lisboa em 20-10-1839 e aí falecido em 7-3-1906.
Licenciado em direito pela Universidade de Coimbra, o Visconde nunca exerceu qualquer profissão jurídica nem, aparentemente, outra, limitando-se a gerir a herança. A sua ligação a Alcobaça era escassa, apenas aí passando pequenas temporadas. No entanto foi um benemérito da vila, tendo contribuído para a construção e equipamento do Hospital de Alcobaça e do Asilo da Infância Desvalida e, em testamento, fez várias deixas a instituições locais e estabeleceu legados a favor de pobres e donzelas.

Nota:
Em Alcobaça existe uma Rua Costa Veiga (a parte urbana da Estrada Nacional 8-6). Fica-se sem saber se é homenagem ao pai se ao filho.

Estado actual (30.1.2014), do palácio Costa Veiga, na Rua de Baixo (Rua Frei Fortunato), em Alcobaça. 
O edifício encontra-se a caminho de uma acelerada degradação, tendo já ruido parcialmente.

Fontes:
http://revelarlx.cm-lisboa.pt/
http://alcobaca.no.sapo.pt/
http://www.geneall.net/
http://maps.google.pt/
“Figuras de Alcobaça e sua Região”, por Bernardo Villa Nova, Rebate, Alcobaça, 2002

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Festa de Nossa Senhora da Graça

Nas comunidades rurais não se cumpriam os feriados nacionais mas, apenas, o dia da festa do padroeiro local e os “Dias Santos de guarda”. Agora, as exigências da vida moderna não permitem a existência de “feriados locais”, para além do feriado municipal e isso obrigou a que as festas religiosas deixassem de ser celebradas no dia tradicional quando este não coincide com o fim-de-semana ou um dia de feriado municipal ou nacional.

O mesmo acontece na Ataíja relativamente à festa de Nossa Senhora da Graça e ao seu momento mais característico, a Procissão à Serra que, por isso, este ano não foi realizada a 2 de Fevereiro (sobre as datas de celebração da festa de Nossa Senhora da Graça ver aqui e aqui) mas no Domingo seguinte, dia 6.

Um dia soalheiro, luminoso e de temperatura muito agradável, levou uma pequena multidão a fazer o percurso de cerca de 4,5Km para, junto ao cruzeiro, assistir à cerimónia da bênção dos campos, presidida pelo Sr. Padre Ramiro.
Benção dos campos e não bênção dos olivais que estes já quase não existem, substituídos por pinheiros, eucaliptos e fábricas, pelo que a legenda inscrita no cruzeiro “N. S. / DA / GRAÇA / ABENÇOAI / OS / OLIVAIS / 2-2-1949” surge agora como um pouco anacrónica. Mas a fé e a beleza da paisagem, o cheiro intenso do eucalipto, do alecrim e do rosmaninho esses continuam a justificar o esforço da subida.


 O cruzeiro que assinala o local até onde se desloca a procissão (coordenadas GPS N 39 32.573 W 8 52.990) . Foi inaugurado em 2-2-1949, mandado erigir pela comissão de festas desse ano, de que foi juíz o meu pai, João Lourenço Quitério. Porque as receitas não foram suficientes para cobrir a despesa, a mesma comissão "serviu" também no ano seguinte, para se "desempenhar".


 O esforço da subida




Uma vista magnífica