sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Ataíja de Cima na Blogosfera

Não sei quem era António Joel Sineiro Canha, cujo nome, aliás, só hoje aprendi ao ler no blog http://jeroalcoa.blogspot.com/, a notícia do seu falecimento.

Conhecia-o como Toju por seguir os blogs que mantinha: http://tempolivretoju.blogspot.com/, e Penedo da Velha (http://carvalhalmoirame.blogspot.com/).
Nestes blogs publicou o Toju posts muito interessantes sobre a nossa região, incluindo um, publicado em 23 de Fevereiro de 2009 no http://tempolivretoju.blogspot.com/, contendo diversas fotografias da Ataíja de Cima, as quais aqui republicamos, como uma homenagem ao autor e um agradecimento pela atenção que dispensou à nossa aldeia:

Capela de Nossa Senhora da Graça
Coordenadas GPS: N39 33.298 W8 54.044

Cruzeiro na Serra, onde se desloca a procissão no dia 2 de Fevereiro, para a benção dos olivais.
coordenadas GPS: N39 32.573 W8 52.990

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Gente da Ataíja de Cima - O Salazar

O nosso pequeno "Salazar", às vezes dito o Salazar do Mogo era, também, conhecido por Manuel Matias ou Manel do Mogo, onde morava pelo casamento com uma filha de José Faustino, nasceu na Ataíja de Cima, filho de Matias Ângelo.
Era o Regedor da Freguesia e foi vereador da Câmara Municipal de Alcobaça.
A alcunha veio-lhe do poder que, no tempo da ditadura, o cargo lhe dava e exercia e excedia sem pudores. Uma das suas fontes de rendimento eram as propinas que recebia dos fregueses pelo exercício das funções de mediador social que desempenhava nas mais diversas situações, designadamente como conselheiro dos bancos alcobacenses, à porta dos quais passava as segundas-feiras, dia de mercado.
Se um camponês analfabeto precisava de um empréstimo bancário, para comprar um pedaço de terra ou uma junta de vacas, tinha de arranjar um fiador e obter o aval verbal do Regedor que garantia ao gerente que podia fazer o empréstimo porque o mutuário era gente de confiança.
O camponês, agradecido, queria pagar o favor e ouvia a resposta dada em voz grossa: "Não é nada rapaz, vais lá um dia com as vacas".
Quem não tinha vacas ia também.
Era assim que conseguia, quase sem despender um tostão, trazer cultivada a parte do Olival dos Frades que lhe coubera em herança do pai.
Sempre o conheci de fato preto, casaco assertoado e chapéu, como o Salazar ele próprio.
Montado numa égua, (coisa rara em terra onde os pobres não iam além do burro e os remediados da mula) estou a vê-lo a distribuir, a residentes seleccionados pelo seu critério pessoal, os boletins de voto que obedientemente seriam depositados nas urnas no domingo seguinte, para "eleger" o Almirante Américo Tomás.
Este nosso Regedor era mais temido (e usado) que respeitado. Os que tinham ido à tropa (ele não) riam-se da cena em que, durante a missa e à frente de um grupo de Legionários que prestavam guarda de honra ao altar, deu convicto a ordem: "armas ao ombro!" (a expressão militar, correcta, é: Ombro! Armas!) e o meu pai deliciava-se a contar que, discursando o Salazar numa homenagem pública a um professor primário (Ventura?), elogiou o homenageado dizendo deste que,  "... apesar do seu ar enfezado, é um grande homem".

domingo, 17 de janeiro de 2010

11.º Almoço Anual do Salão Cultural Ataíjense

Decorreu hoje, (se estiver perto, ainda está a tempo, há jantar para todos e animação musical), o 11.º Almoço Anual do Salão Cultural Ataíjense, com a presença de mais de 380 pessoas (mais de quatrocentas, incluindo os convidados, entre eles o Sr. Padre Ramiro Portela, o Sr. Presidente da Junta de Freguesia de São Vicente de Aljubarrota e o Sr. presidente da Câmara Municipal de Alcobaça e os muitos voluntários que garantiram o serviço).
Mais uma vez o Almoço do Salão se confirmou como a maior reunião anual de ataíjenses, como uma ocasião única de encontro, convívio e união.
Desta vez, no ano em que se comemora o 25.º aniversário da fundação do Salão, foi ocasião de estrear a nova louça, talheres, mesas e cadeiras recentemente adquiridas e que, a par com a renovação do equipamento da cozinha, dotaram o Salão de todas as condições exigíveis para o fornecimento de refeições para mais de quatrocentas pessoas.
Foi bonito ver no palco, lado a lado, a actual e a anterior equipa dirigente. Sinal, como bem disse o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, de que o Salão é uma instituição bem enraizada na Ataíja de Cima.


Um bonito talher, os pratos com a legenda: Salão Cultural Ataíjense e a data da fundação:1985


Bacalhau à Frei João (depois da sopa de pedra e antes da carne à portuguesa)


Líquidos


Sobremesas


Convivendo enquanto não chega o almoço


Dois aspectos da Sala durante o almoço



Intevalo para o café


Para alguns, a hora do almoço só chegou pelas 5 da tarde

OBRIGADO A TODOS!

No dia 16 de Janeiro de 2011, lá estaremos todos, de novo, para participar no 12.º Almoço Anual do Salão Cultural Ataíjense.

O TERCEIRO DOMINGO DE JANEIRO É, SEMPRE, DIA DE ALMOÇO NO SALÃO!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Gente da Ataíja de Cima - o José Barata

O José Barata não era da Ataíja de Cima mas faz parte integrante da minha idéia da Ataíja. Era um vagabundo natural de Aljubarrota que corria os lugares da região com uma ceira às costas, asas enfiadas num cajado, onde transportava os parcos haveres e as ferramentas do ofício. Vivia comendo muitas vezes o que lhe ofereciam, ou pagando a refeição na taberna e dormindo onde calhava, sendo que havia sempre alguém pronto a dar-lhe abrigo. Na Ataíja de Cima era cliente assíduo do palheiro do Petinga.
Geralmente toldado, toda a gente se ria dele à custa de uma suposta paixão por uma filha de um tal Pinhão. Acumulava com a sua profissão de ferrador, as qualidades de um exímio tratador de doenças de burros e outros animais. Era, ao que ouvi, filho ou neto de um veterinário ou estudioso das coisas da veterinária e por aí teve acesso a alguns livros antigos da especialidade (livros esses que, às tantas, alguém lhe terá roubado) que leu com proveito, dele e dos proprietários de muitos animais de que tratou.
As farmácias de Alcobaça não hesitavam em aviar as receitas que, a lápis, passava no primeiro papel que encontrasse.
Era célebre a sua frase ""O Dr. Lavrador é burro!".
Lembro-me de uma ocasião em que um homem, de uma aldeia vizinha, correu a Ataíja montado numa mula, perguntando desesperadamente pelo Barata que queria lhe visse um animal doente. Como me lembro de o ver sangrar um burro e fechar a incisão com um alfinete de dama. Neste caso, ou noutro, já não recordo, esfregou vigorosamente a língua do bicho com sal e cebola albarrâ e, como em muitas mais vezes, os animais ficaram curados.

O Ferrador, fotografia de Leonel Castro.
Foto retirada com a devida vénia, de Museu da Memória Rural, in https://museudamemoriarural.pt/portfolio/galeria-ferrador/



domingo, 10 de janeiro de 2010

Falta uma semana

É de hoje a oito dias, Domingo, 17 de Janeiro de 2010, que se vai realizar o 11.º Almoço Anual do Salão Cultural Ataíjense.
Se ainda se não inscreveu ou ainda não convidou os seus amigos, apresse-se.
Aqui ficam, para lhe aguçar o apetite, duas fotografias do 8.º Almoço realizado no dia 21-1-2007:



sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Gente da Ataíja de Cima - Manuel Rei de Carvalho, Manuel dos Ovos, o Sarrano

Manuel Rei de Carvalho, conhecido pelas alcunhas de Manuel dos Ovos, ou Manuel Sarrano, era, como a sua mulher, natural da Bezerra, uma aldeia “de trás da serra”, o que lhe valeu a alcunha.
Instalou-se na Ataíja de Cima já casado e com filhos, onde explorou uma taberna que adquiriu a Alfredo Ângelo e onde vendia também mercearias, alguidares, cântaros e panos.
Durante a maior parte do tempo fazia o seu negócio circulando, numa velha bicicleta onde transportava uns ceirões, por todas as aldeias dos arredores comprando ovos em troca de pano (ía, pelo menos, até Chiqueda que aí, em 1966, quando parti uma perna ao chocar com a bicicleta contra a ponte do rio Alcoa, ele foi uma das primeiras pessoas a chegar ao pé de mim). Devido ao peso das mercadorias que transportava, apenas nas descidas ou em terreno liso montava a bicicleta, indo a maior parte do tempo a pé, caminhando atrás da bicicleta que empurrava e conduzia, com mestria, segurando pelos ceirões.
Era analfabeto mas inventou um sistema de sinais constituído por cruzes, círculos e cruzes dentro de círculos, para significar as diversas moedas e notas. Sendo ele já velho tentei que me ensinasse o código mas alegou que já não se lembrava.
No ínicio dos anos cinquenta fez obras na taberna, ampliando as instalações e acrescentando-lhe um 2.º piso onde fez residência. Lembro-me dessas obras porque o meu avô Quitério tinha um pé-de-cabra, ferramenta que, como todas naquele tempo, era rara e, por isso, teve nelas a incumbência de arrancar os pregos das madeiras velhas para, endireitados, serem reutilizados.
Antes de se fixar na Ataíja. o Manuel dos Ovos era mais um dos comerciantes de Detrás da Serra que, periodicamente, passavam a vender panos, linhas, elásticos, agulhas e botões que transportavam ao dorso de mulas, recebendo ovos em pagamento. A alcunha Sarrano transmitiu-se aos filhos Fernando, Lúcia e Celeste mas não aos outros dois (Diamantina e Horácio) por evidente desnecessidade, já que a singularidade dos nomes os distinguia perfeitamente.
O filho Horácio de quem fui companheiro de brincadeiras em criança e com quem aprendi a andar de bicicleta, em velha máquina sem travões, foi proprietário de um dos primeiros automóveis de passageiros da aldeia, um velho Studbacker que às tantas foi vítima da forte rivalidade que, tendo quase sempre por motivo tentativas de namoro de raparigas da outra aldeia, naquele tempo ainda opunha os Casais de Santa Teresa à Ataíja de Cima e veio de lá, dos Casais, com uma machada (machado, na Ataíja, sempre foi dito no feminino) cravada no Capot.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Gente da Ataíja de Cima - O padrinho Fialho

O padrinho Fialho morava numa casa de alpendre (com uma fachada muito idêntica à da casa de Amélia Ribeiro) que existia num beco ali à Rua de Traz, no sítio exacto onde agora está a casa de José Luís, o Cangalheiro. Era casado com a madrinha Quitéria, mais de vinte anos mais nova (ouvi dizer à minha avó que, ele já homem, sendo interpelado pela ausência de namorada, terá dito, à passagem do cortejo de um baptizado, que se ia casar com a baptizanda, o que veio a acontecer). Não tiveram filhos mas, em contrapartida, tiveram muitos afilhados.
O padrinho Fialho tinha fama de ter dinheiro e o hábito de esconder as moedas em bolsas que cozia no forro da jaqueta. Era padrinho do meu tio António Sapatada e, teria este sete anos (em 1917, portanto), despejou sobre a mesa da casa de fora uma lata que tinha cheia de moedas, mandando à criança que escolhesse uma. Naturalmente e para aborrecimento do padrinho que preferia perder uma moeda negra, a escolhida foi uma moeda branca, de cinco tostões, com o que o meu avô comprou as primeiras botas do rapaz.

Foto da moeda a que se refere o texto, retirada de http://www.dbcoins.com/ - moeda de prata .835, peso 12,5 gr., diâmetro 30mm - moedas de 50 centavos com aspecto idêntico foram cunhadas em Portugal até 1968 mas, em 1927, já eram feitas numa liga de níquel-bronze.

Por curiosidade, veja-se que, com a cotação da prata a € 411, 40, aquela moeda valeria hoje, ao peso, à volta de € 5,00. Cerca de 2.000 vezes mais. Insuficiente, no entanto, para comprar umas botas.

Se, por acaso, a moeda em causa tivesse sido cuidadosamente guarda até hoje, encontrando-se em muito bom estado (aquele a que os colecionadores chamam Bela), valeria ela cerca de € 18,00, preço a que é possível encontrá-la nas casas da especialidade. Continua a não chegar para comprar umas botas.

Para resolvar estes problemas do valor actualizado do dinheiro, está previsto quer no Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRC) quer no Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) que seja anualmente publicada uma Portaria de actualização dos coeficientes de desvalorização da moeda. Segundo a Portaria n.º Portaria n.º 772/2009, de 21 de Julho, o coeficiente de desvalorização da moeda para efeitos de correcção monetária dos valores de aquisição de determinados bens e direitos era, em 2009 e relativamente a 1917, de 2.241,65, pelo que cinquenta centavos de 1917 correspondem hoje a cerca de € 5,60. Continua a não chegar para comprar umas bota.

sábado, 2 de janeiro de 2010

LAGOA RUÍVA

A lagoa ruíva foi, durante séculos, a mais importante estrutura pública da Ataíja de Cima já que, para além das cisternas privadas, não havia, por aqui, outra fonte de abastecimento de água.
Era na lagoa que se dessedentavam os gados, se lavava a roupa e se recolhia a água indispensável ao funcionamento dos lagares de azeite que a rodeavam.
Era a maior das lagoas das redondezas e, por vezes, a única que resistia aos verões mais prolongados, chegando a abastecer-se nela gente dos Casais de Santa Teresa, da Atáíja de Baixo e, até, dos Molianos.
Perdeu importância com a chegada do abastecimento público de água e, rapidamente, foi entulhada para sobre ela se fazer o campo de futebol e o parque de merendas onde hoje se ergue a estátuas Aos Cabouqueiros.

As duas fotografias que se seguem mostram, a primeira, a lagoa ruíva tal como era nos anos quarenta do Séc. XX. Pode ver-se o muro da cerca da quinta, ainda intacto, o portão com suas colunas, a empena da Casa do Monge Lagareiro e o telhado do lagar dos frades, este já arruinado (foi demolido cerca de 1950). Na lagoa, cheia de água, uma cena quotidiana: o carro de burro carregado com uma barrica que o homem enche de água utilizando um cabaço. Atrás da criança vislumbra-se uma mulher a lavar roupa.
Na segunda fotografia, de 1990 ou 1991, vê-se, ao fundo, à direita, a lagoa já quase seca, apenas com um pouco de água no fundo.
(fotografia publicada no livro - M. Vieira Natividade, Mosteiro e Coutos de Alcobaça, Alguns Capítulos Extraídos dos Manuscritos Inéditos do Autor e Publicados no Centenário do seu Nascimento, MCMLX, Alcobaça, Tipografia Alcobacense, 1960 - Estampa XIII, entre páginas 52 e 53)


(fotografia publicada no livro - Fernando António Almeida - Percursos de Fim-de-Semana - Círculo de Leitores, 1992 - pág. 176)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Empresas Ataíjenses na Internet

Hoje é dia de desejar a todos UM ANO DE 2010 CHEIO DE PROSPERIDADES

Sendo a Ataíja de Cima uma aldeia que depende quase totalmente da sua indústria, a prosperidade da Ataíja é a prosperidade das suas empresas.
É, assim, também, o dia de deixar aqui uma nota sobre a presença das empresas da Ataíja na Internet.
Não que a internet, por sí só, assegure a prosperidade ou o futuro das empresas que nela estão presentes.
Mas todos sabemos que, hoje em dia, uma parte importante dos negócios passa pela internet.
A presença das empresas na intenet é um sinal de que querem ser empresas do seu tempo, atentas às inovações tecnológicas e aos desafios destes tempos difíceis (e quando é que os tempos não foram difíceis?).
É, pois de assinalar que, numa aldeia tão pequena como a nossa, haja pelo menos sete empresas, que mantém sites activos, actualizados e bem feitos. São elas:

Sousa & Catarino, Lda., a mais antiga, com mais de quarenta anos de actividade na exploração de pedreiras, com o site: http://www.sousaecatarino.com/

MVC - Mármores de Alcobaça, Lda., também no ramo da exploração de pedreiras e fabrico de chapas e ladrilhos, com o site: http://www.mvc.pt/

Perpedra - Indústria de Mármores, Lda., no ramo da transformação de pedra, com o site: http://www.perpedra.com/

Churrasqueiras Bernardino, especializada no fabrico de churrasqueiras, lareiras e fornos, com o site: http://churrasqueirasbernardino.com/

Lareiarte - Arte em Fabrico de Lareiras, Lda. no ramo da transformação de pedra, fazendo, aliás, muito mais do que lareiras, com o site: http://www.lareiarte.com/

Ricarle Stone, Lda., também do ramo da tranformação de pedra, com o site: http://www.ricarlestone.com/

Destinos, Arte Cerâmica, S. A., fabricante de louça de mesa, de decoração e de jardim, com o site: http://destinos-sa.com/