segunda-feira, 29 de abril de 2013

Artistas Ataíjenses

Mais uma importante exposição de Inês Neves

MOSTEIROS, IGREJAS E CAPELAS DO CONCELHO DE LEIRIA

Tem inauguração marcada para a próxima sexta-feira, dia 3 de Maio de 2013, às 18H00, na Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira, em Leiria, o novo trabalho de Inês Neves, uma nova etapa, no enorme empreendimento que a artista persegue desde há anos, de fixar em aguarela o património religioso da nossa região.

Depois de exposições dedicadas aos edifícios religiosos dos concelhos de Alcobaça, Nazaré, Caldas da Rainha, Porto de Mós e Batalha, chega agora a vez do concelho de Leiria, retratado em mais de 120 aguarelas e duas pirogravuras.

A exposição estará patente até 29 de Maio, de terça a sexta-feira das 10H00 às 20H00 e às segundas-feiras e sábados, das 14H00 às 20H00



Contactos da Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira
Largo Cândido dos Reis, n.º 6
2400-112 LEIRIA
Tel. 244839666
Geral:  biblioteca.municipal@cm-leiria.pt 



Para saber mais sobre o trabalho de Inês Neves, veja o BLOG, ou a página do Facebook, da artista.


.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Subsídios para a História do Salão Cultural Ataíjense



VIII – Os Anos de 1994 e 1995

(Emblema do Salão Cultural Ataíjense,
inspirado no brazão existente na Casa do Monge Lagareiro
 - Pintura de Carlos Sousa, 2001)

No dia 3 de Julho de 1994, as portas do Salão abriram-se para nele ter lugar a Festa da Escola, iniciativa das professoras e dos pais das crianças que frequentam a escola do 1º ciclo do ensino básico, da Ataíja de Cima.

O programa, com início às 15H00, incluiu danças, cantares, teatro e marchas a cargo das crianças, a que se seguiu animação musical e baile com o organista Paulo Fonseca.

Funcionou um serviço de bar com febras, sardinhas assadas, chouriço assado, pão com chouriço, filhós e bebidas.

Os promotores mandaram imprimir um cartaz com o programa, o qual constituiu, também, um veículo de divulgação do Salão.

Neste ano de 1994, conforme se vê dos documentos arquivados tiveram, ainda, lugar nas instalações do Salão mais as seguintes actividades:

- 2 casamentos;
- 1 curso de costura;
- 1 festa do “Rally”,
Além, obviamente, das festas em honra de Nossa Senhora da Graça e de Santo António, eventos, todos, em relação aos quais não possuímos mais informação.

As receitas contabilizadas somaram o valor de 275.708$00 e as despesas (apenas está contabilizada a conta da electricidade), 59.196$00. Do que resultou, segundo as nossas contas, um saldo positivo a transitar para o ano de 1995, no valor de 114.196$00.

Em relação ao ano de 1995, não nos foi possível recolher qualquer informação escrita sobre o que terá sido a actividade do Salão nesse ano.

terça-feira, 16 de abril de 2013

O alcatroamento da Estrada do Lagar dos Frades

O caminho de ligação da Ataíja de Cima e do Cadoiço a Aljubarrota, está classificado como estrada municipal desde 1897 (Ver AQUI). 
No entanto, o persistente desprezo a que os diversos poderes, a começar pelo autárquico, tradicionalmente votavam a "borda da serra" (a última vez em que, por aqui,  haviamos visto alguém importante, tinha sido em 1969, aquando da inauguração da luz eléctrica), reflectia-se no péssimo estado da generalidade dos caminhos, os quais eram mantidos, exclusivamente, à custa do esforço dos locais. 
A modernização da estrada municipal n.º 553 (3,9km, entre a estrada Nacional 8, em Aljubarrota e o IC2),  embora urgente face ao avançado estado de degradação do piso e ao intenso e pesado tráfego, proveniente,sobretudo das pedreiras era, no entanto, tarefa que os vizinhos, só por si, não poderiam realizar.

Em Março de 1975, viviam-se em Portugal tempos incertos e intensos. O 25 de Abril tinha sido há menos de um ano e, populações conservadoras, como a ataíjense, olhavam desconfiadas para as notícias que lhes chegavam de Lisboa. 
Mas, uma coisa sabiam: Agora havia direito de reunião e íam aproveitá-lo para tratar dos seus interesses:

(Cartaz: 297mmx420mm. Heliografia)
A sede do clube ataíjense a que se refere o cartaz, era a antiga escola primária. 
O clube ataíjense nunca existiu formalmente. Tratou-se, antes, do embrião do actual Salão Cultural Ataíjense.




O elevado nº de pessoas que se voluntariou para fazer parte da comissão, obrigou, por razões operacionais, à escolha de uma comissão executiva, a qual integrava dois elementos do Cadoiço.
A comissão de recolha de fundos foi, também por razões operacionais, subdividida em três subcomissões: Ataíja, Cadoiço e Emigração.


Primeira reunião com a Câmara Municipal de Alcobaça:
O Sr. Gilberto, aqui referido é Gilberto Magalhães Coutinho, comerciante de ferragens em Alcobaça e que foi presidente da Comissão Administratica da Câmara Municipal.
O nome correcto do técnico municipal é Costa e Sousa (José Carlos Martins Costa e Sousa que, durante 42 anos, foi Director do Departamento Técnico da Câmara de Alcobaça).


Haveriam, ainda, outras reuniões na CMA mas, no essencial, como se decidiu nesta reunião, assim se fez.



terça-feira, 9 de abril de 2013

O Mangual




A palavra mangual deriva do latim manualis, significando manual.

O Mangual, a que em algumas regiões chamam malho, é um antiquíssimo instrumento agrícola que serve para malhar e debulhar cereais e legumes.
Durante muitos séculos foi usado (e ainda o é) em todo o hemisfério norte, da Europa à China.
Teve, também, largo uso como arma de guerra, sobretudo em versões mais pequenas que o mangual agrícola, destinadas a ser manejadas com uma só mão.


É composto por dois paus ligados por uma correia de couro, sendo um deles, o que os dicionários designam por mango e serve de cabo, mais comprido, (cerca de 150cm) e fino (4,5-6cm de diâmetro) e o outro, a que os mesmos dicionários chamam pírtigo, mais curto (65 a 70cm) e um pouco mais grosso (6-7cm de diâmetro) e serve para bater os cereais.

Malhar era um dos mais duros e fisicamente exigentes trabalhos agrícolas.
No Verão, com temperaturas rondando os trintas graus, em eiras que se queriam ensolaradas e à hora de maior calor (que os grãos, quanto mais secos, mais facilmente se desprendiam da maçaroca ou melhor se abriam as vagens e cascas protectoras), malhar era trabalho para homens fortes.
Dependendo das dimensões da eira e da quantidade de cereal a debulhar, o número de malhadores variava entre o solitário dono de pobre colheita, até dois grupos de quatro homens cada, postados frente-a-frente, batendo a palha alternadamente, à voz do mandador.

Por vezes, havia lugar a disputas entre os malhadores, para ver quem batia mais forte e durante mais tempo. Eram momentos privilegiados de exibição de força masculina perante as raparigas que, em redor, desempenhavam as tarefas auxiliares.

Mas, a extrema dureza da tarefa, limitava o uso do mangual à debulha de relativamente pequenas quantidades de cereais ou legumes. Para quantidades maiores recorria-se, preferencialmente, ao trilho. Como já dizia no Séc. XII um frade espanhol: outros debulham com mangual que é o mais pobre debulhar de todos.




Este mangual é uma peça recente.
Foi construído pelo meu pai, haverá cerca de trinta anos e destinava-se a malhar pequenas quantidades de vagens, resultantes de uma agricultura pouco mais do que recreativa que ele praticava quando já reformado.
A tradicional correia de couro foi aqui substituída por uma simples corda.



Uma ilustração medieval francesa (Martirológio da Abadia de Saint Germain-des-Prés, séc. XIII), representando a debulha com mangual

 Mangual, numa pintura (detalhe de A Terra da Abundância) de Pieter Bruegel, O Velho (séc. XVI)

 Mangual como arma de guerra (gravura alemã de Hans Lutzelberger - Séc. XVI)


Nota: Quem gostar de dançar salsa pode procurar, no Youtube, por José Mangual Jr.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Amas de Expostos



Em setenta gavetas que se conservam no Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, guardam-se muitas dezenas de milhares de fichas, cada uma contendo a identificação de uma ama e do seu cônjuge, o local da sua residência, o nome do exposto que criava, a data em que este entrou na SCML e outras informações.
É o Registo de Amas por Concelho (1851-1935) que, elaborado em razão das necessidades de gestão das muitas amas a quem a Santa Casa pagava para criarem os expostos é, hoje, o mais rápido e fácil meio para se chegar aos expostos e respectivas amas numa dada área geográfica.

Na gaveta Alcobaça, separadas por freguesias (Alcobaça, Santíssimo Sacramento; Alfeizerão, São João Baptista; Aljubarrota, Nossa Senhora dos Prazeres; Aljubarrota, São Vicente; Alpedriz, Nossa Senhora da Esperança; Benedita, Nossa Senhora da Encarnação; Cela, Santo André; Cóz, Santa Eufémia) vamos encontrar milhares de fichas, identificando outros tantos milhares de expostos e as centenas de amas a quem estava cometida a sua criação.
Nós só queríamos saber o que ali existiria relacionado com a Ataíja de Cima mas, porque foi necessário manusear todas as fichas relativas à freguesia de São Vicente de Aljubarrota, fácil foi ver que por todo o lado houve amas de expostos: Aljubarrota (vila), Ataíja de Baixo, Ataíja de Cima, Cadoiço, Carvalhal, Casais de Santa Teresa, Casal do Rei, Chãos, Cumeira de Baixo, Pedreira (Molianos), Quinta do Mogo e Val Vazão.
No que diz respeito à Ataíja de Cima e para os 39 anos decorridos entre 1841 e 1879, verificámos a existência de 50 fichas, correspondentes a outros tantos expostos e a 32 amas diferentes, das quais apenas dez foram responsáveis por mais de uma criança (7 amas, foram-no de 2 crianças e as restantes 3 foram amas de, respectivamente, 3, 5 e 7 crianças expostas).
Ou seja, na maioria dos casos, a actividade de criação de expostos foi meramente pontual e, apenas em 3 casos estamos perante a aparência de actividade “profissional”.
Por outro lado, apenas em 26 desses 39 anos decorridos entre 1841 e 1879, houve entradas de expostos que vieram a ficar a cargo de amas ataijenses, sendo que a maioria se concentrou nas décadas de 1850 e 1860, com, respectivamente, 19 e 21 crianças, num total de 50.

Quem eram estas amas de expostos?
Em alguns casos, a actividade de criação de expostos era exercida com um carácter quase profissional como, na Ataíja, aconteceu com Maria Joaquina, casada com Joaquim Carlos, sapateiro que, entre 1849 e 1866, teve a seu cargo um total de 7 expostos.
Mas nem só mulheres casadas podiam ser amas. Aqui, ama significa antes do mais, a pessoa a quem a SCML entregava a criança exposta para criação.
Pessoa essa que, obviamente, podia ser mulher casada mas, também, viúva (como a ataijense Úrsula dos Santos ou Úrsula Maria que, sendo viúva de Bernardo de Moura, teve a seu cargo, entre 1841 e 1857, 3 expostos.
Também a mulher solteira podia ser ama, como o foi Joaquina Dias que teve a seu cargo uma exposta de nome Capitolina, entrada na SCML em 1869 e falecida em 1876.
E, amas ou amos podiam ser os homens, fossem solteiros, como o Padre Manuel Vieira da Silva, pároco de São Vicente que criou uma criança de nome Luís, ou viúvos como José Coelho, da Ataíja de Cima, sapateiro que criou uma criança de nome António, entrada em 1853 na SCML. Mais curioso, ainda, amos podiam ser os maridos das amas. É o caso de um outro (ou o mesmo?) José Coelho, carpinteiro que, sendo casado com Joaquina Bárbara, foi amo de 2 crianças, sendo que, posteriormente, é a sua mulher que aparece como ama de outras 5 crianças. Tratar-se-á de um outro caso onde a actividade de criação de expostos adquire um carácter quase profissional.
Quanto ao estatuto social, se é indiscutível que a generalidade das amas eram gente do povo, esse não é o caso do Padre Manuel Vieira da Silva, já referido, nem o caso de D. Maria do Laço Mendonça e Oliveira, casada com Raimundo José de Souza, de Aljubarrota que foi ama de uma criança de nome Amélia, entrada na SCML em 1904.