segunda-feira, 21 de março de 2022

Ataíjenses nas Américas (II)

 

No final do século XIX e nas primeiras décadas do séc. XX verificou-se um período de forte emigração, essencialmente com destino ao Brasil e aos Estados Unidos da América.

Entre 1900 e 1930 terão emigrado para o Brasil uns 750.000 portugueses, cerca de três quartos do total de emigrantes do período. Entre esses emigrantes para o Brasil encontravam-se, já o sabíamos, os ataíjenses António e Luís Ribeiro, de quem já falámos neste blog no texto Dois Ataijenses na Amazónia

Eis que agora, quando procurávamos vestígios de um outro ataíjense que andou emigrado na América, não encontrámos o que procurávamos, mas, em compensação, encontrámos quatro novos emigrantes ataíjenses e mais elementos sobre os irmãos Ribeiro. É o que justifica este terceiro texto dedicado à emigração ataíjense (depois do já referido Dois Ataíjenses na Amazónia e um outro texto, mais antigo, Ataíjenses na(s) América(s) escrito quando eu ainda não tinha identificado qualquer ataíjense como emigrante no Brasil.

Vejamos então os resultados de uma consulta aos Livros de Registo de Passaportes, do Arquivo Distrital de Leiria, relativos ao 2º semestre de 1911:

António Catarino,

Nascido em 10-11-1892, filho legítimo de José Catarino (dos Casais de Santa Teresa) e de Maria Carvalho, com a idade de 18 anos emigrou para Nova Iorque, tendo-lhe sido concedido passaporte em 24-08-1911.

Manuel Coelho,

nascido em 11-08-1885, também emigrou para Nova Iorque, com a idade de 26 anos e sendo já casado, tendo-lhe sido concedido passaporte em 24 de Agosto de 1911.

Era filho de Ângelo Coelho e de Luísa Maria, neto paterno de Joaquim Coelho e de Maria da Costa e materno de Tomás de Sousa e Maria Joaquina.
Não é o Manuel Coelho, nascido em 1879, filho de João Coelho e Maria Teresa ou Maria de Sousa, que também terá emigrado e foi casado com Felismina Maria.

António Ângelo,

Nascido em 17-02-1892, filho de Manuel Tomás e Cristina Santa, neto paterno de Tomás de Sousa e de Maria Joaquina e materno de Ângelo da Silva e Maria dos Santos, emigrou aos 19 anos para Nova Iorque, tendo-lhe sido concedido passaporte em 24 de Agosto de 1911.

Parece tratar-se do sogro da minha tia Angélica da Graça e pai de António Ângelo (o Rospiço), João Ângelo (o João Santo, marido da minha tia) e Manuel Ângelo, o Piquete

O António Ângelo e o Manuel Coelho eram primos, por serem netos de Tomás de Sousa e de Maria Joaquina e, por isso, parentes de Abílio Tomás de Sousa, recentemente falecido

 

Mais para o final desse ano de 1911, outros três ataíjenses haviam de emigrar, estes com destino a Manaus, na Amazónia Brasileira, que nesse tempo apresentava grande desenvolvimento devido à florescente actividade de extracção da borracha. Foram eles:

Manuel dos Santos,

Nascido em 16-05-1889, filho de António dos Santos e de Joaquina Dias, foi-lhe concedido passaporte em 30-10-1911, tinha 21 anos.

António Ribeiro,

Nascido em 22-08-1888 filho de José Ribeiro, pré-falecido, e de Maria de Jesus, foi-lhe concedido passaporte em 02-11-1911 quando tinha 23 anos. e veio a morrer, em data e circunstâncias que ainda não logrei apurar, mas, aparentemente, antes de 1920 ou 1921.

Luís Ribeiro,

Nascido em 01-05.1890 (e falecido em 12-05-1979, no Rio de Janeiro), irmão do anterior, foi-lhe concedido passaporte em 30-10-1911 quando tinha 21 anos.
Abandonou a Amazónia após a morte do irmão e instalou-se no Rio de Janeiro onde foi comerciante, constituiu família e mantém descendência.

 

Todos estes ataíjenses eram jornaleiros quer dizer, trabalhavam no campo, contratados ao dia, à jorna, e, naturalmente, apenas quando havia trabalho. Só um, o Manuel Coelho, era casado e, também, o mais velho, de 26 anos de idade. A idade dos demais, variava entre os 23 anos do António Ribeiro e os 18 do mais novo, o António Catarino. Os registos de passaporte contêm a indicação escreve/não escreve e metade deles não escreve.


O luxuoso Teatro Amazonas, em Manaus, inaugurado em 1896, símbolo das riquezas obtidas na extração da borracha