quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Artistas Ataijenses – Mélia

Cerâmica Figurativa


Maria Amélia Faustino Ribeiro Cordeiro, enfermeira, formada na Escola de enfermagem Ângelo da Fonseca, foi a primeira mulher ataijense a prosseguir estudos para além da quarta classe.

Agora aposentada dedica-se, na sua casa de Ataíja de Cima (uma belíssima casa rural do Séc. XVIII), à pintura e, sobretudo, à cerâmica figurativa, assinando esses trabalhos como Mélia.

Neste blog já antes e brevemente nos referimos ao trabalho de Mélia, a propósito da Exposição “Cerâmica em Alcobaça: de 1875 até ao presente – CeRaMIca Plus” (VER AQUI) e, também, no primeiro post que publicámos subordinado à epígrafe Artistas Ataijenses, onde apresentamos a fotografia de um bonito e original presépio, com o qual Mélia arrebatou o primeiro prémio no 17º Concurso de Presépios promovido, em 2007, pela Câmara Municipal de Porto de Mós. (VER AQUI)

Denunciando o enorme domínio da artista sobre o barro, as figuras modeladas por Mélia são de uma extraordinária vivacidade e humor e de uma grande invenção formal que, ao mesmo tempo, reforça o seu carácter simbólico.

Nuno Álvares Pereira, a Padeira de Aljubarrota e Santo António, são algumas das figuras que, entre muitas outras, a autora tem modelado em muitas formas, das mais clássicas às mais inventivas.


Mélia, na Aljubarrota Medieval, 2011, ajudando a despertar o interesse dos jovens pela modelagem do barro:



Algumas das peças que a artista levou à Aljubarrota Medieval, 2011:




Contactos da Mélia:
Rua Lagar dos Frades, n.º 52
Ataíja de Cima
2460 Alcobaça
Tel: 262585470


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sábado, 20 de agosto de 2011

Festival das Sopas 2011

Domingo, 11 de Setembro de 2011



O Festival das Sopas da Ataíja de Cima 2011, vai realizar-se no próximo dia 11 de Setembro, junto ao Estádio da Rã e à Casa do Monge Lagareiro, à sombra das árvores do Largo do Cabouqueiro.

De manhã terão lugar os habituais jogos de futebol entre solteiros e casados, femininos e masculinos. Segue-se o Almoço Convívio / Festival das Sopas, onde haverá, também, grelhados mistos.

Está, já, garantida a presença de 14 sopas:

- Sopa Castanha
- Sopa de Pedra
- Sopa de Inverno
- Sopa de Peixe
- Sopa de Massa e Bacalhau
- Caldo Verde
- Massada de peixe
- Misturadas
- Canja
- Sopa de Chícharos
- Sopa de Legumes
- Sopa de Grão
- Sopa de Abóbora
- Sopa de Polvo

Preços: Gratuito para crianças até aos seis anos; 6€ para crianças dos seis aos doze anos; 12€ para os demais participantes

Será um dia muito bem passado, um grande convívio e, se o São Pedro colaborar, será tão bom ou melhor do que foi o do ano passado (VER AQUI) que só terminou passava das vinte horas.

Se as previsões meteorológicas o aconselharem, o evento será transferido para o Salão Cultural Ataíjense.


Para que tudo possa ser devidamente organizado e programado, será bom que a organização tenha uma ideia do número de participantes. Assim, agradece-se a sua pré-inscrição no Salão Cultural Ataíjense.



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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

As Solas e a Charrua

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O insólito nome de solas (sólas) era dado na Ataíja de Cima (e não só, uma vez que o DPLP [in http://www.priberam.pt] identifica a palavra, com o mesmo significado, como um regionalismo português) a um tronco de madeira, prolongado por uma corrente com um gancho que, funcionando como cabeçalha, ou timão (ou temão) servia à junta das vacas para rebocar as alfaias.

As solas que hoje aqui trazemos pertenceram ao meu tio António Agostinho da Graça, são constituídas por um tronco de cerca de 12 centímetros de diâmetro e um metro de comprimento (32 cm da ponta até ao furo para a chavelha) ao qual se fixa uma forte corrente de ferro terminada no gancho de engate na alfaia agrícola (a charrua, a grade, ou o trilho, às vezes, uma zorra). Tem o comprimento total de 3,07 metros.



A charrua a que aquelas solas serviram para atrelar, é uma charrua Tramagal, de aiveca reversível, inteiramente construída em ferro, do que foi o último modelo que foi corrente na fase final das alfaias agrícolas de tracção animal.

 
 
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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A casa do Couto

Um burguês de Alcobaça proprietário na Ataíja de Cima e, ao correr da pena, uma profissão extinta: O carreiro.


O Couto, um comerciante alcobacense de tecidos, foi um dos muitos burgueses que, durante mais de um século, possuíram as maiores e melhores propriedades da Ataíja de Cima.

Foi dele o olival conhecido por Olival do Couto ou, Olival do Sá que, em meados do Séc.XX, era a única propriedade ataijense com caseiro residente (ainda existem as ruínas da casa, com seus cómodos e, em frente, do outro lado da serventia de acesso, a cisterna). Em parte deste olival encontram-se agora as instalações da empresa Germano & Cordeiro, Lda.

Também foi dele a casa abaixo fotografada, perto da Capela de Nossa Senhora da Graça.

Esta casa, anexa à de Sabino Vigário, foi por este comprada ao Couto e usada como “casa do ofício”, onde o Sabino fazia os seus biscates de sapateiro, nos tempos mortos da sua actividade principal que era a de “carreiro”.

O carreiro era quem, com a sua junta de vacas, fazia todos os trabalhos que hoje são desempenhados pelos tractores e camiões: lavrar e gradar, transportar os produtos agrícolas, o mato e a lenha e todos os materiais de construção.

O carreiro ganhava a jorna correspondente a quatro homens e tinha, ainda, direito a almoço que era, sempre, melhorado: um refogado leve, sobre o qual coziam arroz ou massa de meada, com grão-de-bico ou feijão, acompanhados por um apontamento de bacalhau.

Nos primeiros dias de Setembro, quando o serviço da eira já tinha há muito terminado e as palhas já estavam arrecadadas, ainda era cedo para as lavouras de Inverno e as vindimas locais só teriam lugar lá para o fim do mês, pouco trabalho havia para um carreiro.

Então o Sabino (e o mesmo fazia António Matias) metia-se, a pé, com a sua junta de vacas que rebocava dois carros, cada um com sua tina e, lá ia, dois dias de caminho, até ao Bombarral para fazer o transporte das uvas para as adegas.


Não foi há tanto tempo assim. O filho Arnaldo, pouco mais velho do que eu, aí está, vivo e de boa saúde e bem lembrado dos muitos dias que passou conduzindo aquela junta de vacas.

A casa do Couto