O Couto, um comerciante alcobacense de tecidos, foi um dos muitos burgueses que, durante mais de um século, possuíram as maiores e melhores propriedades da Ataíja de Cima.
Foi dele o olival conhecido por Olival do Couto ou, Olival do Sá que, em meados do Séc.XX, era a única propriedade ataijense com caseiro residente (ainda existem as ruínas da casa, com seus cómodos e, em frente, do outro lado da serventia de acesso, a cisterna). Em parte deste olival encontram-se agora as instalações da empresa Germano & Cordeiro, Lda.
Também foi dele a casa abaixo fotografada, perto da Capela de Nossa Senhora da Graça.
Esta casa, anexa à de Sabino Vigário, foi por este comprada ao Couto e usada como “casa do ofício”, onde o Sabino fazia os seus biscates de sapateiro, nos tempos mortos da sua actividade principal que era a de “carreiro”.
O carreiro era quem, com a sua junta de vacas, fazia todos os trabalhos que hoje são desempenhados pelos tractores e camiões: lavrar e gradar, transportar os produtos agrícolas, o mato e a lenha e todos os materiais de construção.
O carreiro ganhava a jorna correspondente a quatro homens e tinha, ainda, direito a almoço que era, sempre, melhorado: um refogado leve, sobre o qual coziam arroz ou massa de meada, com grão-de-bico ou feijão, acompanhados por um apontamento de bacalhau.
Nos primeiros dias de Setembro, quando o serviço da eira já tinha há muito terminado e as palhas já estavam arrecadadas, ainda era cedo para as lavouras de Inverno e as vindimas locais só teriam lugar lá para o fim do mês, pouco trabalho havia para um carreiro.
Então o Sabino (e o mesmo fazia António Matias) metia-se, a pé, com a sua junta de vacas que rebocava dois carros, cada um com sua tina e, lá ia, dois dias de caminho, até ao Bombarral para fazer o transporte das uvas para as adegas.
Não foi há tanto tempo assim. O filho Arnaldo, pouco mais velho do que eu, aí está, vivo e de boa saúde e bem lembrado dos muitos dias que passou conduzindo aquela junta de vacas.
A casa do Couto
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