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Em posts anteriores já demos conta do que parece ser uma
grande e inusitada frequência de enjeitados (expostos) na Ataíja de Cima do
Séc. XIX.
Este é um tema da história ataijense que me fascina
especialmente, desde logo porque sempre, na família, ouvi falar de um
antepassado que teria sido ele, também, enjeitado.
Apesar desse interesse pelo tema dos expostos, não lhe tenho
dedicado o tempo que merece e, portanto, sei muito pouco sobre ele. Mas, este é
assunto a que não pode fugir qualquer um que se debruce sobre a história local,
como o demonstra uma simples consulta aos livros de registo de baptismos da
Paróquia de São Vicente de Aljubarrota.
Nos registos dos baptismos das crianças que, nos curtos períodos
de 1883 a 1888 e de 1906 a 1908, nasceram na Ataíja de Cima, encontramos
referência aos seguintes enjeitados:
- Maurício dos Santos,
exposto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que, em 1-9-1883, sendo
casado com Francisca Fialha, foram pais de uma criança baptizada com o nome de
José.
Em 8-4-1886, um Maurício dos Santos, exposto da SCML,
aparece casado com Luísa Cordeira. Tratar-se-á, de um 2º casamento, sendo este
Maurício a mesma pessoa que, antes, foi casada com Francisca Fialha.
- António dos Santos,
exposto da SCML que, em 3-4-1884, sendo casado com Joaquina Dias, foi pai de
uma criança a que foi posto o nome de Christina.
- Dionízia de Jesus,
(ou Dionízia dos Santos), exposta da
SCML que, em 9-8-1885, sendo solteira, foi mãe de uma criança a que foi posto o
nome de Maria, filha de pai incógnito.
Mais tarde, em 15-2-1891, Dionízia dos Santos, Exposta da
SCML, era casada com Manuel da Silva Vigário e foram pais de uma criança
baptizada com o nome de Francisco. Julgo que se trata da mesma pessoa, de uma
única Dionízia..
- Constantino dos
Santos, exposto da SCML, casado com Serafina de Jesus, (ou Serafina dos Santos?), também exposta da
SCML, foram, em 18-8-1886, pais de uma criança baptizada com o nome de Maria.
Em 25-9-1888, Constantino dos Santos e Serafina dos Santos,
também exposta, foram pais de uma criança a quem foi posto o nome de Luíza.
Julgo que se trata da mesma pessoa, uma única Serafina.
- Emelitina da Conceição, exposta em
Lisboa que, em 1-1-1906, sendo casada com Manuel Carlos, foi mãe de uma criança
a que foi posto o nome de Maria.
Tratav-se, a criança, da ti’Maria “Metina” que foi mãe de
Francisco Rosa Tomé e outros.
A alcunha “Metina” resulta, obviamente, das dificuldades de
pronunciação do nome próprio Emelitina.
- Thomé dos Santos,
exposto em Lisboa, foi casado com Joaquina Carvalha e, em 8-3-1906, foram pais
de uma criança de nome Luís.
- Bento dos Santos,
exposto em Lisboa, foi casado com Ana Cordeira e, em 5-11-1906, foram pais de
uma menina de nome Joaquina.
- Bernardino dos
Santos, exposto, foi casado com Vigária
dos Santos, também exposta. Foram, em 14.4.1908, pais de uma criança a quem
foi posto o nome de António.
Tratava-se, a criança, de António Bernardino que todos
conhecemos por ti’ António “do Casal”, pai de uma numerosa prole de dez filhos todos
eles, à excepção da filha mais velha, ainda vivos.