quinta-feira, 8 de outubro de 2009

OS MARCOS DO OLIVAL DOS FRADES



O Olival dos Frades foi mandado plantar por D. Frei Manuel de Mendonça que era sobrinho do Marquês de Pombal[1] e foi Abade de Alcobaça entre 1768 e 1777.
Os frades chamavam-lhe Olival do Santíssimo Sacramento por, ao que parece, usarem um sistema de contabilidade por consignação, seja, em que as diferentes receitas eram, previamente e por regra, afectas a diferentes tipos de despesa, sendo as receitas deste olival usadas para suportar as despesas do culto e louvor ao Santíssimo Sacramento.
Vendido em hasta pública na sequência da Lei de 1834 que extinguiu as Ordens religiosas, o olival passou por diversos proprietários sendo, em 1885, propriedade do Dr. Francisco Baptista Pereira Zagallo, Médico de Alcobaça
[2], onde existe uma rua com o seu nome. Foi, a certa altura, também no Séc. XIX, mas em data que ainda não conseguimos apurar, adquirido por Olímpio Trindade Jorge, comerciante de Alcobaça, o qual marcou os limites da propriedade com um vasto conjunto de marcos, muitos deles ainda hoje existentes.
Todos esses marcos, um dos quais se encontra junto à estrada que liga a Ataíja de Cima à Ataíja de Baixo, mesmo em frente da fábrica de cerâmica da empresa Destinos, têm gravadas, de um dos lados, as iniciais do Santíssimo Sacramento (SS) e, por baixo dela, as do proprietário (OTJ) e, do outro lado, o número do marco.
Mais tarde, em 1918, este olival veio a ser adquirido por um ataíjense, Matias Ângelo, pela quantia de 100 contos de réis, quantia à época considerada "fabulosa".





Marco contendo as inscrições "SS" e "OTJ"


[1]Salvador Magalhães Mota, A Acção de D. Frei Manoel de Mendonça à Frente dos Destinos da Congregação de Santa Maria de Alcobaça da Ordem de São Bernardo (1768-1777, in Estudos em Homenagem a Luís António de Oliveira Ramos, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2004, p. 771-779[2] Manuel Vieira Natividade, O Mosteiro de Alcobaça (Notas históricas), Coimbra, Imprensa Progresso, 1885

Marco numerado "4."


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