As amonites eram animais marinhos (moluscos), cefalópodes[i], com olhos
laterais e tentáculos e possuíam uma concha encaracolada com câmaras. O animal vivia na 1ª câmara, servindo as demais como flutuadores.
Estes animais terão surgido há cerca de 400 milhões de anos, ainda
na era paleozóica[ii], muito
antes de quaisquer vertebrados. Assistiram ao aparecimento dos dinossauros, há
cerca de 230 milhões de anos e desaparecem, uns e outros, há 65 milhões de
anos.
Actualmente, como último representante
desta classe de animais, sobrevive ainda na zona sudoeste do Oceano Pacífico o
náutilo, de que dois exemplares foram recentemente filmados nos mares da Papua-Nova-Guiné.
As amonites evoluíram rapidamente (enfim, em termos
geológicos) e espalharam-se por todos os mares, de tal modo que, um pouco por
todo o lado e um pouco por todos os estratos[iii] do Mesozóico, é possível
encontrar fósseis de amonites e, porque há muitos tipos diferentes de amonites,
sendo que cada tipo tende a apresentar-se distribuído por um estrato diferente,
isso torna-as excelentes indicadores da idade geológica, permitindo datar
rochas com grande precisão (inferior a um milhão de anos).
A Ataíja de Cima situa-se na margem oeste do Parque Natural
das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) e do Maciço Calcário Estremenho, o qual
se terá começado a formar há cerca de 200 milhões de anos e se caracteriza por
constituir a maior formação calcária de Portugal.
As suas rochas pertencem, na generalidade, ao período
Jurássico designadamente ao Jurássico Médio, ou seja, ao período popularizado
pelo cinema como o tempo dos dinossauros.
Por tal razão é fácil encontrar fosseis variados[iv]
designadamente de amonites e, também se encontraram pegadas de dinossauro[v].
Estas pegadas, descobertas durante os trabalhos numa pedreira, têm cerca de 175
milhões de anos e são constituídas por diversos trilhos, entre os quais um com
cerca de 147 metros de comprimento o que o torna o mais longo do mundo até
agora conhecido.
E, se o trilho dos dinossáurios foi descoberto ao
desmontar-se uma bancada (uma camada, um estrato) na “pedreira do Galinha”, no caso
das amonites, em vários lugares do Maciço[vi],
elas estão ali, à vista de toda a gente, embora seja nas pedreiras que mais
facilmente se encontram. De facto, “Muitos dos locais privilegiados para
observações de índole geológica correspondem a frentes de exploração em
pedreiras que atualmente se encontram em atividade.”[vii]
As fotos seguintes mostram três amonites recentemente
encontradas em pedreiras da região (concelhos de Alcobaça e Porto de Mós).
Esta amonite, com
cerca de 50 cm de diâmetro, surgiu durante a movimentação do bloco que se
partiu deixando ver o fóssil que se encontrava no seu interior.
Esta amonite, com
cerca de 30 cm de diâmetro, surgiu numa situação semelhante à anterior sendo
que, aqui, toda a amonite se soltou do bloco quando ele se fracturou.
Neste caso, o bloco
não apresentava quaisquer sinais de conter a amonite que tem cerca de 30 cm de
diâmetro. Apenas em fábrica e depois da serragem, se verificou que a serra
tinha cortado longitudinalmente a amonite, praticamente pelo plano médio da
concha, deixando cada metade numa chapa diferente.
[i] Classe a
que pertencem os chocos, as lulas e os polvos. Cefalópode significa,
literalmente, “com os pés na cabeça”
[ii] Uma
escala do tempo geológico pode ser vista, por ex., no artigo com o mesmo título
na Wikipédia: (https://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_de_tempo_geol%C3%B3gico)
[iii] Como é
fácil notar, nomeadamente nas arribas e nas pedreiras, os solos sedimentares
são formados por camadas, estratos.
[iv] Na
freguesia de Alcaria, Porto de mós, ocorre uma formação rochosa com tal
quantidade de fósseis que é conhecida por “pedra-bicho”.
[v] O
Monumento Nacional das Pegadas de Dinossáurio, fica situado na estrada de Ourém
a Torres Novas, no extremo oriental do Parque Natural das Serras de Aire e
Candeeiros. (ver: http://www.icnf.pt/portal/ap/nac/mon-nat-peg-dino-ourem-torres)
[vi] Em
particular na zona da Fórnea, onde os geocachers já definiram um percurso a que
chamam o “trilho das amonites” (ver: https://www.geocaching.com/seek/log.aspx?LUID=ca58a651-d0c7-4349-a466-538721e92fef&IID=c08fb6b3-d935-435d-be0b-c9f7793b6e3d)
[vii] INEG,
“Maciço Calcário Estremenho Caracterização da Situação de Referência” -
Relatório Interno - Jorge M. F. Carvalho, Carla Midões, Susana Machado, José
Sampaio, Augusto Costa e Vítor Lisboa, 2011, consultado em linha em 5-5-2016
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