As fronteiras dos Coutos de Alcobaça foram, desde muito cedo aliás, razão de frequentes e intensos conflitos.
Os frades de Alcobaça eram, ao que parece com toda a razão, acusados de alargar indevidamente as fronteiras dos seus domínios para além do que lhes tinha sido concedido por D. Afonso Henriques.
À Ataíja de Cima, situada sobre o limite norte dos coutos, aconteceram as agruras que são comuns às terras de fronteira: Disputadas por ambos os lados, ficam umas vezes sob o domínio de um deles, outras vezes sob o domínio do outro.
A Professora Iria Gonçalves, um dos mais abalizados historiadores das coisas que dizem respeito ao Mosteiro de Alcobaça, no seu livro O Património do Mosteiro de Alcobaça nos séculos XIV e XV, 1ª edição, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, 1989, dá conta de uma dessas graves contendas que opôs o Mosteiro a D. Afonso IV e se saldou, após oito anos, numa sentença de 1337 favorável ao rei.
Insatisfeitos com a solução, os frades de Alcobaça conseguiram que D. Pedro I, logo a seguir, em 1358, reconhecesse limites mais alargados aos coutos que, a norte, passaram a incluir a Ataíja de Baixo e a excluir a Ataíja de Cima (op. Cit., págs. 351 e segs.).
Por mais trezentos anos continuaram as disputas sobre os limites dos Coutos de Alcobaça que o Mosteiro, aliás, quase sempre ganhou, facto a que não é estranho o seu afastamento da casa-mãe francesa e a estreita relação com a Coroa que se iniciou com D. Pedro I e não parou de se aprofundar em toda a segunda dinastia, com os abades donatários, dois dos quais (D. Afonso de Portugal e D. Henrique, o último rei da segunda dinastia), eram filhos do rei D. Manuel I e foram, simultaneamente com o abaciato de Alcobaça, Bispos de Lisboa.
Durante o domínio filipino, foram outros os padres que beneficiaram da proximidade com o poder régio (o Bispo de Leiria, D. Diogo de Castilho era partidário dos Filipes e chegou, por isso, a Vice-Rei de Portugal).
Nesse tempo, no dia 14 de Julho de 1587, em que o Bispo D. Pedro de Castilho, tomou posse da vila de Ourém, também tomou posse da de Porto de Mós e da ametade da vila de Aljubarrota que era a freguesia de São Vicente (O Couseiro, Capítulo 20º).
Mas, reposta a independência com a Restauração de 1640, logo a renovada importância política dos frades de Alcobaça se revelou e, através de novas doações feitas por D. João IV, os Coutos atingiram a sua máxima dimensão.
Pouco depois começaria a plantação de oliveiras em toda a região da borda da serra que, um Século depois, culminaria na plantação do Olival do Santíssimo e na construção do famoso Lagar dos Frades da Ataíja de Cima.
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