terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A indústria e o Comércio na Ataíja de Cima, hoje

Se, como referimos em post anterior (aqui), a importância económica da indústria da faiança é, hoje em dia, bem menor do que foi há vinte ou quinze anos atrás, em compensação as actividades ligadas à exploração da pedra Vidraço da Ataíja não têm parado de se desenvolver e alastraram-se, aliás, a todas as aldeias vizinhas. Agora já não é só, nem sobretudo, a actividade extractiva mas, antes, as da transformação e serviços associados.

Ao contrário do que aconteceu na cerâmica decorativa que é uma actividade importada e onde os ataíjenses quase nunca ultrapassaram a função de operários, no caso do Vidraço da Ataíja , verificou-se uma rápida adaptação que permitiu aos naturais aprender não só a extrair a pedra (a) como, mais importante em termos económicos, a transformá-la.

Por outro lado, as excelentes condições de acesso propiciadas pelo IC 2 (b) e a crescente importância da indústria extractiva regional, propiciada designadamente pelo desenvolvimento provocado pela crescente aceitação da pedra Molianos e outras extraídas nas Serras de Aire e Candeeiros, levaram alguns dos maiores grupos empresariais ligados à extracção e ao comércio de rochas ornamentais a instalar-se na Ataíja de Cima.

Esta dinâmica industrial levou a que as actividades, directa ou indirectamente ligadas viessem a, do mesmo modo, instalar-se ou desenvolver-se no local. Desde logo, a satisfação da necessidade básica da alimentação dos trabalhadores envolvidos, levou ao surgimento de cafés e restaurantes. A melhoria das condições de vida local, à banalização do automóvel e à necessidade de existência de oficinas de reparação. A produção industrial à necessidade de especialistas na sua comercialização. O crescimento do conhecimento local das técnicas de trabalhar a pedra ao surgimento de fábricas e oficinas de transformação.

Hoje, fazendo uma pesquisa sobre as empresas que têm fábricas, oficinas, armazéns ou outras instalações na Ataíja de Cima, contei 43 (c).

Mais de metade das empresas estão no sector da pedra, (extracção, serragem, armazenamento, fabrico de lareiras, pavimentos, revestimentos e cantarias, transporte, etc,).

Mais de 25% (12 empresas) possui sites próprios na internet. Este é um bom indício de que se trata de empresas modernas e viradas ao futuro.

O encerramento da maioria das fábricas de faianças conduziu, naquela época, ao surgimento de desemprego. Mas hoje em dia o desemprego é perfeitamente marginal (d) e, – parte boa – tendo desaparecido a exagerada pressão sobre a mão-de-obra local que levou a que uma geração inteira tivesse abandonado a escola para, (muito jovens, com catorze anos de idade), ir trabalhar nas fábricas há, finalmente, condições para a juventude estudar como deve estudar, já que só o estudo lhes poderá permitir fazer a gestão das empresas que os seus pais criaram, ou exercer, nelas, os cargos cada vez mais especializados que o futuro exige.

NOTAS:
a) -Nos primeiros tempos foi necessário recorrer à emigração de trabalhadores experientes, oriundos de Pero Pinheiro, Vila Viçosa, Ançã e Tentúgal (destes, cá ficou o Pimenta que, há muito tempo, já é um ataíjense).
b) Condições essas que, aquando da entrada ao serviço do IC 9, terão uma melhoria muito significativa.
c) Faltam algumas. A colaboração dos leitores para colmatar as falhas será bem-vinda.
d) A insuficiência da mão-de-obra local continua a justificar a existência de emigrantes, agora oriundos, sobretudo, dos chamados países de Leste.

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