segunda-feira, 6 de junho de 2011

A propriedade do olival dos Frades da Ataíja de Cima, depois dos frades – II

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À aquisição do olival dos frades - Olival do Santíssimo - da Ataíja de Cima, por Matias Ângelo, em 1918, deve ser atribuído um valor simbólico que é o de coroar um processo, longo de quase um século e, aliás, nunca completado, de apropriação, pelos naturais residentes, das grandes propriedades rurais que no antigo regime pertenciam aos frades e à pequena nobreza e, após a vitória do liberalismo e o fim das Ordens Religiosas, à nova nobreza liberal, e à burguesia de uma Alcobaça que, durante a segunda metade do Séc. XIX gozou – liberta agora do jugo fradesco, - de um crescimento acelerado.

Foi, no entanto, de pouca dura a posse ataíjense do olival dos frades. Com a sucessão de Matias Ângelo, assistiu-se à divisão da propriedade pelos seus herdeiros e, logo de seguida, ao início do processo da sua alienação.

De facto, em 11 de Maio de 1931, apenas cerca de treze anos após a famosa compra, Matias Ângelo e sua mulher, Francisca Rosa que foi conhecida por Francisca Félix, fizeram doação do olival dos frades aos seus filhos, reservando para si o usufruto vitalício, usufruto esse que seria reduzido a metade após a morte de um deles.

Logo, em 29 de Maio de 1933 seguinte, os quatro filhos fizeram a divisão da propriedade entre si e, menos de três meses depois, em 20 de Agosto do mesmo ano, Matias Ângelo faleceu.

Cinco anos depois, em 22 de Outubro de 1938, Manuel Ângelo da Silva comprou a seu irmão José Ângelo da Silva a parte deste no olival.
Um ano depois, em 30 de Outubro de 1939, o mesmo Manuel Ângelo da Silva, vendeu metade do que tinha comprado a seu irmão José: Um oitavo do olival dos Frades, na parte vendida com a área de 63.000 metros quadrados, confrontando a Norte com Basílio Pereira Clemente e herdeiros de José Pereira Clemente, a Sul com José da Fonseca, a Nascente com Serra e a Poente com caminho do Barreirão. O preço declarado foi de 10.000$00 (inferior ao valor da matriz que era de 10.718$40).

O comprador, acabado de regressar dos Açores, foi José Rodrigues da Silva Mendes, o célebre Capitão Silva Mendes, natural de Turquel, que foi por duas vezes Governador Civil de Leiria, a primeira ainda quando tenente, entre 18-02-1930 e 09-09-1931, a segunda, já Capitão, entre 19-04-1933 e 24-04-1935. Governador Civil do Distrito da Horta (Açores) entre 03-03-1937 e 17-03-1939 e, mais tarde (1957-1961), deputado da União Nacional.

Em circunstâncias que ainda não consegui apurar, também o industrial alcobacense Raul Ferreira da Bernarda e sua mulher Mariana Coelho, se tornaram proprietários de uma quarta parte do Olival dos Frades, de que, em 21 de Agosto de 1944, estavam a vender ao ataijense José Ribeiro 7/16.
A propriedade é identificada na respectiva escritura como “Um olival denominado Olival do Santíssimo, confronta Norte com Basílio Pereira Clemente, herdeiros de José Pereira Clemente, Francisco Vigário, herdeiros de Francisco Malhó e outros, Sul com José Fonseca Júnior, Nascente com Serra e Poente com caminho da Ataíja e herdeiros de José Pereira da Conceição. Parte desanexada e vendida: sete dezasseis avos. A parte vendida é olival e confronta a Norte com Basílio Pereira Clemente, Sul com José Fonseca Júnior, Nascente com Serra e Poente com caminho do Forno”.

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