(Rua do Martins)
Ligando a Rua dos Arneiros ao Rossio da Lagoa, a Azinhaga do Martins era, há menos de cinquenta anos, um estreito caminho lamacento, quase todo ele recoberto de estrumeiras de mato, que apenas permitia a passagem de um carro de vacas e dava acesso, exclusivamente, a terras cultivadas. Não havia na, agora chamada, Rua do Martins, uma única habitação ou qualquer outro tipo de construção.
Era uma zona povoada de grandes e velhas oliveiras (olival do brilhante, olival da burra, olival do guincho), em compasso denso que, por vezes, como era o caso do olival que existia no terreno onde, hoje em dia, são casas de descendentes de José Faxia, quase não permitia que o sol chegasse ao chão.
Quem seria este Martins que deu nome à azinhaga?
O apelido nem sequer existe, ou existiu em tempos recentes, na Ataíja de Cima e, até agora, nas minhas andanças pelo passado ataijense, apenas encontrei um Manuel Martins que, numa escritura de 1845, é referido como proprietário no sítio do Curral do Galego. Teria ele alguma coisa a ver com esta azinhaga? Talvez sim ou, talvez não.
A rua do Martins foi alargada, por iniciativa da população, na segunda metade dos anos de 1970, na sequência das obras na Capela, durante as quais se construiu a actual sacristia. Essas obras na Capela foram necessárias porque, aquando do alcatroamento da Estrada (do Lagar dos Frades) se verificou que a pequena sacristia que, então, se situava do lado direito da Capela-Mor, provocava um estrangulamento do caminho. As obras contaram ao tempo com a oposição de dois ou três residentes (em rigor, declaradamente, três), entre eles José Veríssimo. As posições extremaram-se com a oposição a fazer tudo para impedir as obras, incluindo chamar a GNR que chegou a pôr-se ao caminho mas foi travada, a tempo, pelo Padre Ramiro que receou e bem os desacatos que poderiam resultar da intervenção policial.
Foi nos dias seguintes à inauguração das obras na capela que alguns rapazes decidiram que era bom que a Azinhaga do Martins fosse também alargada e arranjada. Já.
Isso implicou interferir num terreno de José Veríssimo que apresentou queixa na GNR e, lá foram uns quantos parar ao "posto".
De acordo com os métodos ainda vigentes à época por aquelas bandas, alguns foram sovados. Valeu-lhes estar entre eles um filho de Luís da Graça, pelo que acabaram todos soltos.
Com o que se evitou um sarilho dos grandes porque, entretanto, já se tinha juntado muita gente que, em frente da casa do José Veríssimo, exigia a libertação dos detidos.
Incluindo o condutor de uma enorme escavadora, que a tinha ido buscar à pedreira e ameaçava avançar com a máquina e derrubar a casa.
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