I - Anos de 1985 a 1987
O Salão Cultural Ataíjense foi fundado em 1985, tendo antes
disso o seu embrião funcionado no edifício da antiga escola primária, o qual
constava de uma única sala de aulas, pelo que, a breve trecho, se concluiu que
não tinha condições para satisfazer as necessidades da aldeia as quais eram,
tal como então entendidas, a de existir um edifício suficientemente espaçoso que
permitisse apoiar a realização das festas anuais em honra de Nossa Senhora da
Graça e de Santo António e a realização de festas de casamento, baptizados,
etc.
A inexistência de terrenos disponíveis, bem localizados no
interior da aldeia, constituiu obstáculo que só foi ultrapassado com a compra
que Luís da Graça de Sousa fez a Francisco Jorge do quintal da sua casa, com o
expresso intuito de o doar para aí ser construído o Salão.
Porque se tratou de negócios meramente verbais, não dispomos
de documentos ou outros elementos que nos permitam situar, com rigor, as datas
dos factos.
Assim, nada há documentado relativamente aos factos e
actividades que tenham tido lugar no ano de 1985.
Certo é que em Maio de 1986 se procedeu à demolição do
edifício da antiga escola primária, como se vê de um documento (folha de 35
linhas) elaborado por João Lourenço Quitério que contém diversas notas
relacionadas com a construção do Salão, anota, em 3-5-1986:
“dinheiro encontrado na demolição do clube – 26$00”
e
“uma viga vendida a Quim Fialho – 150$00”
O que indicia que, nessa data, já o terreno onde hoje se
encontra a sede do Salão Cultural Ataíjense tinha sido adquirido.
O mencionado documento não permite concluir sobre outras
actividades desenvolvidas nesse ano de 1986.
Em Maio do ano seguinte, 1987, começaram as obras da
construção da sede e, datada de 8 de Junho desse ano, foi distribuída a toda a
população e enviada a naturais emigrados, uma carta subscrita por um grupo de
cidadãos que se intitularam “Comissão de Melhoramentos de Ataíja de Cima”, do
seguinte teor:
“ Um grupo de
naturais e residentes da Ataíja de Cima decidiram constituir-se em Comissão
para a construção de um SALÃO, um espaço cultural e recreativo que tanta
falta faz na nossa vida social.
A Ataíja de Cima não
tem um local onde a sua população e os amigos que nos visitam nos dias
festivos, se possam reunir, seja para discutir os seus problemas, seja para um
espectáculo ou um baile, um casamento ou um simples convívio.
Como este empreendimento
terá elevados custos, será necessária, para a sua concretização, a generosidade
não só de todos os habitantes, mas também a dos naturais não residentes e
outros amigos que queiram e possam ajudar-nos.
Contamos pois com o
seu contributo, indispensável para a realização duma obra que é DE TODOS E
PARA TODOS.
O seu contributo
poderá ser prestado em materiais, dinheiro ou trabalho.
A Comissão
Vítor Manuel Figueiredo Ribeiro
José Lourenço de Sousa
Francisco Carlos Gomes Tomé
Joaquim de Sousa Maurício
José Marques Coelho
João Vigário Bernardino
João Lourenço Quitério
O documento já referido, elaborado por João Lourenço
Quitério, sob o título “Dinheiro Recebido a favor do Novo Salão Ataíjense”,
anota diversos donativos recebidos no período decorrido entre 8 de Junho de
1986 (data da carta acima transcrita) e 15 de Julho de 1987.
Um outro documento, também elaborado por João Lourenço
Quitério, sob o título “Salão – Relação de Despesas (Pagas)”, anota despesas
efectuadas e pagas entre 15 de Junho e 28 de Julho de 1987.
Um terceiro documento, elaborado pelo mesmo João Lourenço
Quitério, sob o título “Novo Salão Ataíjense – Relação de Serviços Prestados”
anota os trabalhos efectuados, no período compreendido entre 31 de Maio de 1987
e 24 de Julho seguinte, referindo, designadamente que em 31 de Maio foi feito o
“alinhamento” e no dia seguinte, 1 de Junho, se procedeu à “abertua dos
caboucos”.
Ou seja, quando a carta acima transcrita foi enviada já os
trabalhos de construção estavam iniciados.
As obras continuaram durante todo o resto do ano, não se
conhecendo, no entanto, outros documentos a elas relativos, salvo documentos de
despesas que constam da respectiva contabilidade.
De acordo com os documentos contabilísticos arquivados, nesse
ano de 1987, as receitas, provenientes de donativos e bailes, somaram a quantia
de 763.100$00 (setecentos e sessenta e três mil e cem escudos), tendo os pagamentos
efectuados somado 402.095$00 (quatrocentos e dois mil e noventa e cinco
escudos).
O saldo transitado para o ano de 1988 foi, assim, de
361.005$00 (trezentos e sessenta e um mil e cinco escudos)
.
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