quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Subsídios para a História do Salão Cultural Ataíjense


I - Anos de 1985 a 1987

(Emblema do Salão Cultural Ataíjense, inspirado no brazão
 existente na Casa do Monge Lagareiro - pintura de Carlos Sousa, 2001)

O Salão Cultural Ataíjense foi fundado em 1985, tendo antes disso o seu embrião funcionado no edifício da antiga escola primária, o qual constava de uma única sala de aulas, pelo que, a breve trecho, se concluiu que não tinha condições para satisfazer as necessidades da aldeia as quais eram, tal como então entendidas, a de existir um edifício suficientemente espaçoso que permitisse apoiar a realização das festas anuais em honra de Nossa Senhora da Graça e de Santo António e a realização de festas de casamento, baptizados, etc.

A inexistência de terrenos disponíveis, bem localizados no interior da aldeia, constituiu obstáculo que só foi ultrapassado com a compra que Luís da Graça de Sousa fez a Francisco Jorge do quintal da sua casa, com o expresso intuito de o doar para aí ser construído o Salão.

Porque se tratou de negócios meramente verbais, não dispomos de documentos ou outros elementos que nos permitam situar, com rigor, as datas dos factos.

Assim, nada há documentado relativamente aos factos e actividades que tenham tido lugar no ano de 1985.

Certo é que em Maio de 1986 se procedeu à demolição do edifício da antiga escola primária, como se vê de um documento (folha de 35 linhas) elaborado por João Lourenço Quitério que contém diversas notas relacionadas com a construção do Salão, anota, em 3-5-1986:
“dinheiro encontrado na demolição do clube – 26$00”
e
“uma viga vendida a Quim Fialho – 150$00”
O que indicia que, nessa data, já o terreno onde hoje se encontra a sede do Salão Cultural Ataíjense tinha sido adquirido.
O mencionado documento não permite concluir sobre outras actividades desenvolvidas nesse ano de 1986.

Em Maio do ano seguinte, 1987, começaram as obras da construção da sede e, datada de 8 de Junho desse ano, foi distribuída a toda a população e enviada a naturais emigrados, uma carta subscrita por um grupo de cidadãos que se intitularam “Comissão de Melhoramentos de Ataíja de Cima”, do seguinte teor:

“ Um grupo de naturais e residentes da Ataíja de Cima decidiram constituir-se em Comissão para a construção de um SALÃO, um espaço cultural e recreativo que tanta falta faz na nossa vida social.
A Ataíja de Cima não tem um local onde a sua população e os amigos que nos visitam nos dias festivos, se possam reunir, seja para discutir os seus problemas, seja para um espectáculo ou um baile, um casamento ou um simples convívio.
Como este empreendimento terá elevados custos, será necessária, para a sua concretização, a generosidade não só de todos os habitantes, mas também a dos naturais não residentes e outros amigos que queiram e possam ajudar-nos.
Contamos pois com o seu contributo, indispensável para a realização duma obra que é DE TODOS E PARA TODOS.
O seu contributo poderá ser prestado em materiais, dinheiro ou trabalho.
A Comissão
Vítor Manuel Figueiredo Ribeiro
José Lourenço de Sousa
Francisco Carlos Gomes Tomé
Joaquim de Sousa Maurício
José Marques Coelho
João Vigário Bernardino
João Lourenço Quitério

O documento já referido, elaborado por João Lourenço Quitério, sob o título “Dinheiro Recebido a favor do Novo Salão Ataíjense”, anota diversos donativos recebidos no período decorrido entre 8 de Junho de 1986 (data da carta acima transcrita) e 15 de Julho de 1987.

Um outro documento, também elaborado por João Lourenço Quitério, sob o título “Salão – Relação de Despesas (Pagas)”, anota despesas efectuadas e pagas entre 15 de Junho e 28 de Julho de 1987.

Um terceiro documento, elaborado pelo mesmo João Lourenço Quitério, sob o título “Novo Salão Ataíjense – Relação de Serviços Prestados” anota os trabalhos efectuados, no período compreendido entre 31 de Maio de 1987 e 24 de Julho seguinte, referindo, designadamente que em 31 de Maio foi feito o “alinhamento” e no dia seguinte, 1 de Junho, se procedeu à “abertua dos caboucos”.

Ou seja, quando a carta acima transcrita foi enviada já os trabalhos de construção estavam iniciados.

As obras continuaram durante todo o resto do ano, não se conhecendo, no entanto, outros documentos a elas relativos, salvo documentos de despesas que constam da respectiva contabilidade.

De acordo com os documentos contabilísticos arquivados, nesse ano de 1987, as receitas, provenientes de donativos e bailes, somaram a quantia de 763.100$00 (setecentos e sessenta e três mil e cem escudos), tendo os pagamentos efectuados somado 402.095$00 (quatrocentos e dois mil e noventa e cinco escudos).

O saldo transitado para o ano de 1988 foi, assim, de 361.005$00 (trezentos e sessenta e um mil e cinco escudos)
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