O gadanho é, segundo o DPLP[i], uma “espécie
de ancinho com grandes dentes de ferro”.
Gadanho é, também, garra das aves de rapina e, em linguagem
informal, mão, ou unha (de que dá como exemplo a frase: se te deito o gadanho…).
Na Ataíja de Cima usa-se mais, nestes dias frios de Inverno,
o respectivo plural quando lamentosamente nos queixamos de que: estou sem
gadanhos!
(Para não ataijenses, esclarece-se que tal significa que, em
virtude do muito frio, estamos sem força nos dedos, sem capacidade para agarrar
e segurar os objectos).
Curiosamente, aquele dicionário dá gadanho e ancinho como
sinónimos de engaço (a parte lenhosa dos cachos das uvas), já que, pelos
vistos, também há quem chame engaço a um “instrumento agrícola em forma de
pente, usado para limpar ou aplanar terras agrícolas ou ajardinadas”.
Vem tudo isto a propósito de um gadanho que, também ele, tem
uma relação estreita com os engaços, seja, com a parte lenhosa dos cachos das
uvas.
O gadanho é este:
Trata-se um velho gadanho, já com muitas dezenas de anos e
que sempre conheci tal como aqui se apresenta sem, sequer, vestígios de alguma
vez ter tido cabo de madeira que, julgo, nunca teve.
É, agora, meu, depois de ter sido do meu pai e, antes, do
meu avô e (pelo menos nos últimos sessenta anos) nunca serviu para outra coisa que não, uma vez por ano, ser cravado
no pé da prensa do vinho, para o desfazer, no final da lagaragem.
Acho que um destes dias o vou limpar cuidadosamente e dar-lhe
o uso que sempre foi o seu, o uso que lhe deram o meu pai e o meu avô:
Ajudar, no final da lagaragem, a desfazer o pé da prensa.
[i] Dicionário Priberam da
Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/gadanho [consultado em 31-12-2013].
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