O nosso jovem conterrâneo João Pedro Garcia Cordeiro
defendeu no presente ano lectivo a sua tese (dissertação de Mestrado), do curso
de Mestrado Integrado em Arquitectura, do Departamento de Arquitectura da
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
A tese, com o título “Voltar
ao rio para (re)descobrir a porta de Alcobaça para o mar – Uma proposta para o
território do rio Alcoa na antiga lagoa da Pederneira”, propõe as linhas
gerais de um projecto de requalificação das margens do rio Alcoa, desde a saída
de Alcobaça até à foz, tendo por objectivo a sua utilização em actividades
turísticas e de lazer.
Apoiado numa larga bibliografia, onde pontificam todas as obras de
referência para o estudo da região e da celebrada actividade agrícola dos
frades cistercienses, o João Cordeiro traça um quadro impressivo da história da
lagoa da Pederneira e das actividades humanas que se instalaram nas suas
margens e acabaram por a ocupar totalmente logo que as obras de enxugo o
permitiram.
O essencial do projecto incide sobre a área imediatamente seguinte
à saída de Alcobaça para a Nazaré (a porta de Alcobaça para o mar de que fala o
título da tese), o vale “garganta” que se segue à ponte chamada de Dom Elias e
se abre sobre terrenos que outrora pertenceram à extinta COFTA - Companhia de
Fiação e Tecidos de Alcobaça.
Como diz o autor, “pretende-se desenvolver o projecto de um
Parque Verde que explore a riqueza do vale a “garganta”.
O parque é delimitado pela ponte D. Elias, a Sul, e a Companhia de
Fiação e Tecidos de Alcobaça (COFTA), a Norte, estendendo-se a proposta para
as encostas do vale. Subsidiário destes objectivos, pretende-se redesenhar a
porta Norte da cidade de Alcobaça, a antiga ligação da cidade à Lagoa e daí ao
mar.
Esta “garganta” é o único ponto de saída das águas recolhidas na
bacia do rio Alcoa (e, também, do Baça), a qual tem uma área aproximada de 200
km2 e uma forma sensivelmente triangular, limitada a nascente pelos cumes da
serra dos Candeeiros, entre Pedreiras (Porto de Mós) e Benedita.
O projecto, naturalmente, não afecta a actividade industrial
(Goanvi – Central de engarrafamento de Bebidas, Lda.) que se desenvolve nas
antigas instalações da fábrica da COFTA, restringindo-se, como se disse, a
terrenos adjacentes que hoje não têm utilização industrial ou outra e onde
subsistem importantes obras de hidráulica (açude, comportas, levadas, ou canais),
as ruínas dos edifícios da Assistência Araújo Guimarães e da Central Eléctrica
e outros vestígios de ocupações anteriores que se pretende preservar e
valorizar.
Não é, aqui, o lugar para explanar mais o projecto nem para a sua
crítica mas, apenas, para saudar o João Cordeiro, (de quem já conhecíamos a
participação no concurso de ideias promovido pela Pladur, para a reconversão de
uma das naves do antigo matadouro de Madrid[i]), desejando-lhe as maiores
venturas pessoais e profissionais e que, dentro de alguns anos possamos dizer
de um belo edifício que, “o arquitecto é um rapaz da minha terra”[ii].
Rio Alcoa, vendo-se, a azul claro, as áreas das lagoas, agora os campos da Cela e da Maiorga.
A verde, a área para que se propôe o Parque Verde (desenho de João Cordeiro).
A verde, a área para que se propôe o Parque Verde (desenho de João Cordeiro).
Dois dos edifícios cuja preservação, renovação e requalificação se propôe: Assistência Araújo Guimarães e Posto de Transformação (desenhos de Joao Cordeiro)
[i] Aos mais
curiosos, recomenda-se uma visita ao site oficial do Matadero de Madrid, por
onde se pode ver como funciona uma bem sucedida reconversão de uma grande
estrutura industrial que o tempo tornou absoleta. Ver: http://www.mataderomadrid.org/index.php.
[ii] O
título de arquitecto, à semelhança de outros como, por ex., advogado ou médico,
só pode ser usado legalmente por pessoas inscritas na respectiva Ordem. O João
Cordeiro terá, ainda, de realizar um estágio profissional e só depois poderá
inscrever-se como Arquitecto na Ordem dos Arquitectos.
Fique, pois, claro que o
título deste post é da minha exclusiva responsabilidade. J. Q.
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