No passado domingo, dia 14.09.2025, a XVI Edição do Festival das Sopas da Ataíja de Cima, foi uma grande jornada de confraternização. Um hino à capacidade de realização e de trabalho conjunto da população da Ataíja de Cima.
No passado domingo, dia 14.09.2025, a XVI Edição do Festival das Sopas da Ataíja de Cima, foi uma grande jornada de confraternização. Um hino à capacidade de realização e de trabalho conjunto da população da Ataíja de Cima.
Na arca da minha
tia-avó Maria Marreca guardaram-se durante largas décadas três
documentos preciosos. Primeiro, um livro
de que já aqui dei conta e que, recolhido após o falecimento da Marreca, se
encontra actualmente na posse de uma sobrinha bisneta. A ele me refiro no post
publicado em 8 de Outubro de 2018, Um Livro do Séc. XVIII na Ataíja de Cima.
Segundo, o Alvará de Nomeação do Cabo de Polícia Joaquim da Graça, de que falei
recentemente no post O Cabo de Ordens, publicado em 7 de Janeiro de
2025.
Do terceiro
documento falaremos agora.
A mesma mão amiga
que me fez chegar o Alvará de Nomeação do Cabo de Polícia Joaquim da Graça, levou-me,
também, a duas cópias de uma mesma fotografia no verso de uma das quais alguém, em anos recentes, escreveu: “Pai
do Mariola … e, em letra diferente e escrito com esferográfica diferente, 1º Cabo de Ordens da Freguesia”.
Estas fotos são os mais maltratados dos documentos que a Marreca
guardou e, por não terem sido vistas pelos herdeiros ou por não lhes ter
interessado, ficaram elas no fundo da velha arca ainda por larguíssimos anos depois
do falecimento da guardiã.
Esse abandono será a causa do lamentável estado em que se encontram.
Trata-se do
retrato de um homem ainda jovem, bem penteado e bem barbeado, de camisa branca, gravata de
riscas oblíquas e casaco escuro, talvez preto, em papel fotográfico recortado
numa oval de 3x8 cm, colado sobre um cartão onde se vislumbra uma moldura
prensada em tracejado e, numa das cópias, a que, aliás, se encontra em pior
estado geral por, designadamente ter sido dobrada com a consequente quebra da
foto e do cartão de suporte, consegue-se vislumbrar vestígios de palavras que
identificam o fotógrafo.
Perante o estado
em que se encontravam, levei as fotos a uma empresa especializada (LUPA – Luís Pavão,
Lda), para limpeza. Apesar dos esforços da técnica, os resultados foram fracos
devido ao facto de a sujidade, sujeita a humidades, se ter entranhado e
danificado irreversivelmente os suportes.
Digitalizada e
muito ampliada a foto, foi possível ler a legenda: Foto Veneza, Rua D. Pedro V,
Alcobaça.
Ora, consultando
o livro Cem Anos de Comércio em Alcobaça, de Jorge Pereira de Sampaio e
Luís Afonso Peres Pereira, vemos que, conforme ao tempo foi anunciado no semanário local Semana Alcobacense, a Foto Veneza, de R. Lima Pereira, na Rua
D. Pedro V, em Alcobaça, foi inaugurada em 7 de Novembro de 1920.
O meu bisavô
Joaquim da Graça nasceu em 1853 e foi pai de, pelo menos, 10 filhos um dos
quais o Mariola referido na legenda da foto. Não sei a data do falecimento do meu bisavô mas, se era vivo e
julgo que era, em 1920 teria 67 anos.
Não é, assim, o
homem da foto.
O fotografado também
não é o seu filho Joaquim, que foi Cabo de Ordens (cabo de Polícia) em 1906, que esse, se fosse vivo, contaria em 1920 trinta e três ou trinta e cinco anos de idade mas, como a minha avó me contava, faleceu na tropa, ou seja, faleceu em
1906 ou pouco depois (ver, sobre este assunto, o post O Cabo de Ordens).
Quem será então o
homem retratado e o que justificou que a Marreca tivesse guardado a sua
fotografia por toda a vida?
Era, certamente,
um dos seus irmãos mas não o Manuel Mariola porque esse, nascido em 1908, tinha em 1920 apenas 12 anos. Nem o João, de alcunha Redondo, que esse casou na Ataíja e, se
tivesse “tirado o retrato”, o que duvido, tê-lo-ia levado para sua casa,
aliás, do outro lado da rua. Nem o António, também Redondo, que tinha 17 anos em 1920, embora a
fotografia possa ser de alguns anos mais tarde. É que o António casou e apesar de ter começado a fazer casa na Ataíja (1), foi viver para os Milagres, terra da sua mulher e aí ficou toda a vida e teve descendência. Se a foto fosse dele tê-la-ia, certamente, levado
consigo para os Milagres.
Assim, ou muito
me engano ou o fotografado é um outro meu tio-avô, o outro irmão homem da tia Marreca,
de seu nome Joaquim, nascido 1891 e que por
isso tinha em 1920 vinte e nove anos de idade e em data que ainda não logrei
apurar, ainda nos anos vinte ou no início dos anos trinta do séc. XX, emigrou para a
Argentina e de quem nunca mais houve notícia.
NOTA:
(1) A casa terá estado inacabada por largos anos, sem portas nem janelas, razão por que a minha avó lhe chamava "o pombal", mesmo depois de já estar habitada há bastante tempo pelos novos proprietários, os meus tios António Agostinho da Graça e Joaquina Pequena. A casa foi, há uns sessenta anos, destruída por um incêndio.
As minhas memórias de infância remetem para os serões à lareira, quando a minha avó Maria Lourenço me contava histórias familiares.
Nessas histórias,
o meu bisavô Joaquim da Graça era um carpinteiro pobre, viúvo em 1888 aos
trinta e cinco anos de idade e pai de dois filhos vivos, (a minha avó de sete
anos e o irmão Joaquim de quatro), que se casou, em 2ªs núpcias, com uma jovem casaleira
de 20 anos de idade, a qual tratava mal os enteados órfãos e não tinha jeito
para cozinhar.
Este segundo
casamento do meu bisavó durou até ao seu falecimento e frutificou, tendo dele nascido,
ao longo de 20 anos, pelo menos sete filhos dos quais seis chegaram a adultos e
só uma, Júlia que casou com Luís Gomes, dito Francelino, tem atualmente descendência na Ataíja.
Dos demais, uma
Maria faleceu jovem, um Joaquim emigrou para a Argentina e não mais houve
notícias dele, um António casou nos Milagres e dele há descendência, um João,
de alcunha Redondo, foi sapateiro, casou na Ataíja e faleceu sem descendência.
Os dois mais
novos, mais novos, aliás, do que a sobrinha mais velha, Manuel, o Mariola
nasceu em 23-11-1908, tinha o pai 55 anos, no mesmo ano da sua sobrinha Maria
(Papoila) e Maria, a Marreca, ficaram solteiros, não tiveram
descendência e viveram na Rua de Trás na casa que já era de seus pais e está
hoje absolutamente arruinada e prestes a desaparecer.
O meu bisavô,
como aliás o seu pai, diferentemente da generalidade dos seus conterrâneos que
naquele tempo eram analfabetos, sabia ler e escrever e também os seus filhos
homens o souberam.
Certamente que esse
facto de saber ler e escrever terá sido uma das razões que justificaram a nomeação,
em 1906, de Joaquim da Graça como Cabo de Polícia.
E, aqui chegados,
importa saber duas coisas: o que era um Cabo de Polícia e quem era o Joaquim da
Graça que foi nomeado Cabo de Polícia.
O Cabo de
Polícia, a que eu na Ataíja sempre ouvi chamar Cabo de Ordens – os mais velhos
recordar-se-ão que Alfredo Ângelo da Silva foi o último Cabo de Ordens – era o
representante local do Regedor, a autoridade policial da aldeia.
As funções do
Cabo de Polícia e os requisitos da sua nomeação constavam da Lei de 4 de Maio
de 1896, que aprovou o Código Administrativo que ao tempo (1906) vigorava[i].
A administração
do território baseava-se, por um lado, em municípios e paróquias de base
eleitoral, governados respetivamente por uma câmara municipal e uma junta de
paróquia que, por outro lado, estavam sujeitos a uma tutela governamental muito
forte e próxima, assente em cada distrito no Governador Civil, nos municípios no
Administrador do Concelho e nas paróquias no Regedor que era coadjuvado por
Cabos de Polícia em número fixado pelo Governador Civil.
O serviço de Cabo
de Polícia era gratuito e obrigatório e abrangia a totalidade da freguesia mas,
na prática os Cabos de Polícia eram residentes nas aldeias mais importantes e o
seu serviço cingia-se à aldeia.
Como coadjuvantes
do Regedor cabia-lhes um alargado leque de funções de polícia, que aqui não importa
especificar, das quais a mais relevante e à qual não havia maneira de se eximirem,
era a nomeação dos homens que deviam carregar o morto até ao cemitério.
De facto, naquele
tempo não eram uso grandes cortejos de
acompanhamento dos funerais. Em regra as mulheres ficavam em casa a chorar
(como ainda hoje acontece nos países do Médio Oriente) e dos homens, apenas os
que haviam de carregar o caixão e, eventualmente, algum parente mais próximo, integrava
o cortejo fúnebre.
Ora, transportar um caixão em ombros, por maus
caminhos, durante três, quatro ou até sete quilómetros, como era o caso dos
Moleanos, era tarefa para que, em regra, não havia voluntários. Cabia ao Cabo
de Polícia, que conhecia a sua aldeia, designar de entre os homens válidos aqueles
que deveriam transportar o morto até à Igreja paroquial e daí ao cemitério, o
que devia ser feito de acordo com regras
de rotatividade equitativas e compreensíveis.
Parecerá estranho
aos mais novos que as coisas se passassem como descrevo no parágrafo anterior.
Mas, era mesmo assim. Lembro-me de os caixões serem transportados em ombros até
Aljubarrota e de ter sido comprada – julgo que nos inícios dos anos sessenta - uma
carreta que tornou a tarefa substancialmente mais fácil. Como me lembro da luta,
aliás longa, dos Moleanos para conseguir autorização para a construção do seu
próprio cemitério, precisamente para evitar a excessiva dureza da realização
dos funerais em Aljubarrota.
Em 1906 e por muito tempo depois disso, o serviço de transporte do defunto era
obrigatório e gratuito, sendo no entanto tradição que os transportadores
gozassem, após o funeral, de uma merenda paga pela família do falecido. Quando
eu era jovem ainda as coisas se passavam assim e a merenda era tomada nos
fundos da taberna do Joaquim do Álvaro, onde agora o filho deste, o Torcato,
tem o seu café.
Nos termos do
artº 305º do referido Código Administrativo, os cabos de polícia eram nomeados
de entre os soldados licenciados para a reserva, de entre os mancebos
recenseados e sorteados para o serviço militar que não tivessem sido
necessários para o preenchimento dos contingentes ou que podendo ser
necessários ainda não tivessem sido chamados.
Quem era, então,
o Joaquim da Graça que foi nomeado Cabo de Polícia em 1906?
O Código
Administrativo dizia que os cabos de polícia eram nomeados de entre os soldados
licenciados para a reserva e a lei que em 1869 criou o serviço militar
obrigatório não remunerado, dispunha que esse serviço era por cinco anos,
findos os quais os militares passavam a uma segunda linha, ou primeira reserva
e, depois, para a reserva territorial até completarem 50 anos.[ii]
O meu bisavô Joaquim
da Graça, nascido em 1853, tinha 53 anos em 1906 e, portanto, já não podia ser
nomeado cabo de polícia.
Logo, o nosso
Cabo de Polícia só pode ter sido o seu filho Joaquim, nascido em 29 de Setembro
de 1884 e que à data da nomeação estava a pouco mais de um mês de completar os
22 anos e nessa data seria um mancebo recenseado
e sorteado para o serviço militar.
Serviço militar
para o qual, aliás, veio posteriormente a ser chamado.
Nessa altura o
Joaquim da Graça tinha namorada e estaria convencido de que já não seria
chamado ao serviço militar obrigatório e, por isso, começou a construir a sua
casa.
O inopinado
chamamento à tropa provocou-lhe grande desgosto e, chegado ao quartel, ensimesmado,
num dia frio de inverno chorou copiosamente com a cara encostada a um portão de
ferro gelado, adoeceu e morreu.
Assim mo contou a
minha avó que nas suas orações da noite nunca esquecia esse infeliz irmão que,
aliás, sempre chamava de Joaquim Lourenço.
O Alvará de
nomeação de Joaquim da Graça como Cabo de Polícia foi, durante muitas décadas, religiosamente
guardado no fundo de uma arca pela sua meia-irmã, a minha tia-avó Maria Marreca
A casa que construiu
mas nunca habitou é hoje a minha sala.
[i] A Legislação Régia pode ser
consultada on line, no site da Assembleia da República, em parlamento.pt
[ii] (Borges, José Martins, Major de
Infantaria, A Evolução de Modelos de Recrutamento Nas Organizações Militares,
Instituto Universitário Militar, Departamento de Estudos Pós-Graduados (Curso
de Estado-Maior Conjunto), Pedrouços, 2018. In (consultado em 16/12/2024):
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/23221/1/MAJ%20José%20Borges.pdf
A decisão de publicar o Diário de Ataíja de Cima, agradeço-a ao Francisco Soeiro Mendes que, com o seu incentivo, pôs cobro a vários anos de hesitações sobre se valia ou não a pena publicar, correndo o risco de eventuais prejuízos económicos.
A recepção dos ataijenses que acorreram a adquirir o livro e as notícias que me vão chegando e me convencem do agrado geral, são muito satisfatórias. É bom vermos reconhecido o nosso trabalho, mais a mais o trabalho de investigar e escrever que é, por sua natureza, bastante solitário.
Só tenho, por isso, de agradecer essas manifestações de interesse, aprovação e carinho com que me têm brindado e me incentivam a continuar um trabalho que me dá muito prazer e tenho o propósito de continuar enquanto o permitirem o corpo e a cabeça.
Publicar em edição de autor, como foi o caso, é uma aventura. Trabalhosa, morosa, custosa. Mas, estou agora animado a repeti-la.
A primeira tiragem que, à cautela, foi muito pequena, esgotou rapidamente. Uma segunda tiragem, antes do Natal teve também boa aceitação. Mas, haverá outros interessados que, por uma ou outra razão, ainda não tiveram oportunidade de adquirir o livro ou, sequer, tiveram dele conhecimento.
Para estes, o livro está agora à disposição no Salão Cultural Ataíjense a cuja direção agradeço a disponibilidade.
Porque a publicação do Dicionário de Ataíja de Cima, não tem por objetivo a obtenção de quaisquer proveitos materiais, é com alegria que informo que a receita bruta de todos os exemplares que sejam vendidos no Salão, reverterá inteiramente, em partes iguais, a favor do Salão e do Centro Pastoral.
Cerca de 5 anos e meio depois do grande incêndio que, em 15 de abril de 2019, lhe provocou graves destruições, teve lugar no passado dia 7 a reabertura da Catedral de Notre Dame de Paris.
O Incêndio
começou na cobertura e provocou a queda do pináculo que, com o seu peso de muitas toneladas de madeira e chumbo, rompeu a
abóboda na zona do cruzeiro. O telhado ardeu totalmente e as empanas laterais
ficaram muito danificadas.
Notre Dame de Paris
(Nossa Senhora de Paris) cuja construção se iniciou em 1163, tendo as obras se prolongado
por cerca de 200 anos (o Mosteiro de Alcobaça começou a construir-se em 1178), é
um dos mais importantes monumentos religiosos da Europa, símbolo do Gótico, o
novo estilo arquitetónico que pelos séculos seguintes se iria afirmar por toda
a Europa, substituindo o chamado estilo românico que tinha sido o padrão nos
séculos anteriores (dos anos 900 aos anos de 1100).
Em Portugal o estilo
gótico tem uma evolução que vai da Igreja do Mosteiro de Alcobaça até ao
Mosteiro da Batalha, por muitos considerado o seu expoente entre nós.
Voltando a Notre
Dame, o terrível incêndio desencadeou em França e um pouco por todo o mundo uma
forte emoção, face ao que parecia ser o desaparecimento de uma das grandes
maravilhas arquitetónicas.
A isso reagiram o
Presidente da República Francesa que desde logo afirmou que a Catedral iria ser
reconstruída e, ao seu apelo para a participação de todos nessa reconstrução,
responderam os mecenas doando uma quantia na ordem dos 800 milhões de euros,
mais do que o custo total das obras.
O Presidente
Macron tinha, ainda, estabelecido o objetivo de que as obras fossem concluídas
a tempo dos Jogos Olímpicos de Paris, o que só por escassos meses não foi
conseguido.
Na sua imensa
complexidade os trabalhos de reconstrução exigiram uma preparação que demorou
dois anos, implicando o estabelecimento de estruturas provisórias de
sustentação e protecção, a remoção e análise dos escombros e uma alargada
discussão sobre os objectivos da reconstrução, tendo prevalecido a decisão de
reconstruir a Catedral tal como se encontrava em vésperas do incêndio, sendo
certo que esse era o resultado de uma alargada intervenção ocorrida em meados do
século XIX, sob a direção do arquiteto Viollet-le-Duc, o qual deu à Catedral o aspeto
que lhe conhecíamos antes do incêndio e agora retomou.
Para uma
descrição alargada do que foi o incêndio e as opções e obras de reconstrução da
Catedral podem os mais curiosos ler o artigo Notre-Dame depois do incêndio e outros sobre o mesmo assunto,
publicados na National Geografic Portugal.
Tratou-se de uma
tarefa gigantesca que envolveu enormes quantidade trabalhadores, empresas e
materiais. Por exemplo, a cobertura do telhado exigiu a utilização de cerca de
4.000 metros quadrados de placas de chumbo, foram restauradas ou feitas cópias
de cerca de 2.000 estátuas e 2.400 carvalhos foram cortados para fornecer a
madeira para reconstruir as estruturas do telhado e do pináculo.
A queda do
pináculo e o resultante rompimento da abóboda provocaram danos designadamente
no altar e é essa a razão deste post, pois foi aqui que a indústria ataíjense
participou na reconstrução da Catedral.
A MVC -
Portuguese Limestones, pode
legitimamente orgulhar-se de todos os degraus, feitos em pedra moleanos, terem sido produzidos na
empresa.
Faleceu hoje, dia 23de Novembro de 2024, na Casa do Clero, em Fátima, onde vivia, o Sr. Padre Ramiro Pereira Portela.
O Sr. Padre Ramiro paroquiou Aljubarrota durante mais de 50 anos, entre 7 de Agosto de 1965 e Setembro de 2017, quando foi substituído pelo actual pároco, o Padre Dr. Adelino Filipe Guarda.
Natural de Meirinhas, Pombal, onde nasceu em 30 de Outubro de 1935, o Padre Ramiro chegou a Aljubarrota um jovem com menos de 30 anos e por aqui ficou até passados os 81anos, até ao fim da sua actividade como pároco.
Uma tão prolongada permanência não poderia deixar de ser marcante, mais a mais que o padre Ramiro era uma personalidade suficientemente polémica para criar amores e desamores, sobretudo com a sua vontade de construtor.
Sem embrago era geralmente respeitado e querido e orgulhava-se, certamente, de a sua actividade pastoral se ter saldado, nos últimos anos de actividade, pela ordenação de dois dos seus paroquianos, jovens que conheceu desde sempre, batizou e acompanhou no desenvolvimento da fé.
A sua presença em Aljubarrota fica perpetuada por um busto mandado erguer pelos seus paroquianos, colocado junto à entrada da Igreja de São Vicente de Aljubarrota.
Curiosamente, a sua terra natal é actualmente paroquiada por um dos jovens paroquianos que viu chegar a tomar ordens, o ataíjense Padre Fábio Bernardino.
Requiescat In Pace
Depois de largo
tempo hesitando entre publicar ou não publicar, finalmente, decidi embarcar na
aventura de dar à estampa um pequeno livro sobre a minha aldeia natal, a que chamei
Dicionário de Ataíja de Cima.
O livro, organizado como se fora um dicionário, contém factos diversos, memória pessoais, trata de pessoas, com seus nomes e alcunhas e, às vezes, apontamentos de genealogia, elenca palavras que já não se usam ou aqui se usam ou usavam com sentidos específicos e em alguns casos bastante diferentes daqueles que lhes dão os dicionários da língua portuguesa, assim como aflora questões de microtoponímia, economia, história, conta estórias e algumas outras coisas que me lembraram pensei que podiam ter algum interesse para os leitores ataíjenses, para quem o livro foi pensado.
Os leitores do blog ali encontrarão muitos temas que também já aqui foram tratados, aliás, geralmente com mais desenvolvimento.
Do conteúdo deste dicionário
já dei aqui no blog um pequeno apontamento, no texto Para Um Dicionário da Ataíja de Cima - Letra E, publicado em 20 de Junho, próximo passado e pelo qual
os leitores puderam começar a fazer uma idéia do conteúdo do livro. (mais
recentemente, na minha página do Facebook, publiquei uma outra página do
dicionário, já impresso).
No próximo
fim-de-semana, (dias 15,16 e 17 de Novembro de 2024), o livro será entregue por
mim, na Ataíja de Cima, às pessoas que
já manifestaram interesse na sua aquisição e a quaisquer outras interessadas.
Espero que os que vierem a adquirir o livro se agradem com a sua leitura, melhor, com a sua consulta porque um dicionário não é para ler é para consultar