A água para beber e cozinhar recolhia-se nos poços e cisternas, para lavar a roupa e para dar de beber aos animais recorria-se à Lagoa Ruiva.
Quando eu era menino, as portas das casas ficavam apenas na tranqueta mas a citerna era fechada à chave e, quando, como era normal, mais de uma família se abastecia na mesma citerna, o número de cântaros que se podiam retirar dela eram rigorosamente controlados.
Para manter a água limpa de matéria orgânica, era costume recolher alguns peixes no Rio de Chiqueda e lançá-los dentro da cisterna.
O surgimento, em 1992 ou 1993, não me recordo bem, do abastecimento público de água, modificou drasticamente a relação dos ataíjenses com a água e levou ao desaparecimento da Lagoa Ruiva e de muitos poços e cisternas e ao abandono de outros tantos.
A cisterna a que, na linguagem ataíjense, chamamos citerna, é um reservatório estanque de águas, de paredes em pedra argamassada, rebocada e caiada que recebe as águas da chuva exclusivamente através de recolha em superfícies impermeáveis: eiras de pedra, telhados das casas e cobertura da própria cisterna.
Há-as de vários tipos: de abóbada semi-esférica, de telhado de uma ou duas águas, de cobertura plana feita com grandes lages ou, as mais recentes, com cobertura plana em cimento armado ou com estrutura de pré-esforçado.
Cisterna de data de construção desconhecida mas, seguramente, do Séc. XIX ou anterior, no pátio da casa que foi de António do Casal, (foto de 2006)
A mesma cisterna, vendo-se o sistema que permite a recolha das águas da cobertura, (foto de 2006)
Cisterna no quintal de Manuel Luís de Sousa. construída nos anos 20 do Séx. XX, (foto de 2010)
Cisterna com cobertura plana, de lages, junto à casa do Olival do Sá, construída nos inícios do Séc. XX (foto de 2007)
Cisterna construída cerca de 1977, integrada no interior dos anexos de uma casa, (foto de 2007)
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