segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A população da Ataíja de Cima em 1758

Em 1758, de acordo com o relatório do Pároco de São Vicente, elaborado nesse ano em resposta ao inquérito lançado por ordem do Marquês de Pombal e incluído nas chamadas Memórias Paroquiais, era a seguinte a população da Freguesia de São Vicente de Aljubarrota:





Note-se que nos casos de Aljubarrota e dos Moleanos se refere, apenas, a parte dessas localidades que pertencia à Freguesia de São Vicente, sendo que a parte dos Moleanos que pertencia a Nossa Senhora dos Prazeres, era muito maior, possuindo vinte e cinco vizinhos. No caso dos Chãos, o Pároco menciona, ainda, para além dos referidos trinta e quatro vizinhos, a existência de quatro nobres.

Admitindo que todos os dados estão correctos (e o pároco era, certamente, a pessoa que naquela época de melhores condições dispunha para um correcto recenseamento da população, já que possuía livros de assentos de baptismos, óbitos e róis de confessados e fazia visitas pascais recebendo as respectivas côngruas), não pode deixar de se referir os casos discrepantes dos Moleanos, com 6 pessoas por fogo, valor este muito superior à média e do Cadoiço que, a acreditar nestes números, teria várias casas com, apenas, um morador.

A Ataíja de Cima configurava-se, nesse tempo – há 252 anos atrás -, como a maior aldeia da freguesia, quer em número de fogos quer em população total, a grande distância dos Casais de Santa Teresa, a outra aldeia da freguesia que ultrapassava o número de 100 habitantes.

A freguesia, entretanto, mudou e surgiram as novas povoações de Mogo e Olheiros e os Moleanos mudaram de freguesia e não encontro notícia dos Casais dos Belos.

Confesso a minha ignorância, mas não conheço a região e a sua história tão bem como gostaria e, por isso, estes Casais dos Belos intrigam-me.
É que não consegui encontrar na internet outras referências a tal localidade que, como se vê, era no ano de 1758 de média dimensão no contexto da freguesia (20 vizinhos e 57 habitantes), salvo duas escrituras que se conservam no Arquivo Distrital de Leiria:
- Uma de 1794, referente a “ 50 000 reis que deu a juro Antónia Dionísio de Aguiar Barreto, recolhida no Mosteiro de Coz, a Manuel Francisco e mulher Marcelina Amada, dos Casais dos Belos, termo de Porto de Mós.”
-Outra de 1795, relativa a “25 000 reis que deu a juro o Mosteiro de Coz a Joaquim Lourenço e mulher Luisa da Costa, dos Casais dos Belos, Porto de Mós.”
- Uma terceira referência à mesma localidade encontrei-a em "Porto de Mós - Colectânea Histórica e Documental", do Prof. Saul António Gomes onde, (pág. 1069, Doc. 506) no Inventário dos Bens do Convento do Bom Jesus de Porto de Mós, 1843-1837, consta:
"Quarenta mil réis que deve Gregório dos Santos dos Cazaes dos Bellos por escriptura publica de doze de Março de mil oitocentos e trinta e hum ___ 40$000".
A págs. 1071 do mesmo livro, refere-se a dívida dos juros correspondentes:
"Deve mais Gregorio dos Santos dos Cazaes dos Bellos proveniente de reditos a quantia de dois mil reis ___ 2$000".

Em toda a demais literatura sobre a região que até agora consultei, não me lembro de ter lido qualquer outra referência aos Casais dos Belos

Assim, desde já agradeço aos eventuais leitores que, em comentário ou por email, me resolvam esta dúvida: onde eram os Casais dos Belos?

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