terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O Olival do Barão

O olival do Barão de Porto de Mós



A generalidade dos muitos olivais que ocupavam toda a borda da serra eram no Séc. XIX e como já dito em posts anteriores, propriedade de “pessoas de fora”, burgueses ou pequenos fidalgos.

Um desses olivais, ou o que resta dele, é, ainda hoje, conhecido por “O Olival do Barão”.

Quem era este Barão?

A resposta encontrámo-la num documento particular, celebrado na Batalha em 22 de Fevereiro de 1890 (já lá vão 120 anos!), pelo qual Fernando Joaquim da Silva e mulher, Carlota Maria de Sousa, moradores na Batalha, vendem a João Coelho, casado, proprietário, da Ataíja de Cima, “… dois bocados de olival, no Citio da Ataija, ou cova do velho, próximo da Sacheira, limite da Ataija, que parte do Norte com António Domingues da Lameira, Sul com Francisco Vrissimo, da Ataija de Cima, Nascente com os Herdeiros do Barão de Porto de Moz, e Poente com António Coelho da Ataija de Cima, pela quantia de vinte mil reis …”.

A localização aproximada dos terrenos em causa é fácil de encontrar: A Cova do Velho é um sítio entre a Rua das Seixeiras e a Rua das Hortas, sensivelmente onde se encontra a Pia da Senhora, local onde, segundo a tradição, foi extraída a pedra de que é feita a imagem da Nossa Senhora da Graça que está na Capela da Ataíja de Cima. O Olival do Barão desenvolvia-se daí para Nascente, para o lado da serra dos Candeeiros.

Este Barão de Porto de Mós, de seu nome Venâncio Pinto do Rego Ceia Trigueiros, obteve o título de D. Maria II, por proposta de Costa Cabral de quem era correlegionário.

Natural de Porto de Mós, onde nasceu em 1801, filho do capitão Honorato da Cunha Pinto do Rego Ceia Trigueiros e de Jacinta Rosa da Conceição, foi grande proprietário rural, senhor dos morgados da Canoeira e da Ribeira da Azóia, junto a Leiria, e do morgado do Esporão, junto a Reguengos de Monsaraz e exerceu diversos e importantes cargos, entre outros os de vereador da Câmara de Porto de Mós, deputado, conselheiro e presidente do Tribunal de Contas.

Casou com uma rica viúva, trinta anos mais velha e morreu sem filhos, com 66 anos de idade, em 1867, assassinado a mando de inimigos políticos (o mandante do crime terá sido o seu cunhado Filisberto Pinto do Rego, escrivão e tabelião do juizo de direito da comarca de Porto de Mós). O seu herdeiro universal foi, por testamento, o seu amigo e correligionário político Dr. Francisco Tavares de Almeida Proença, também ele importante figura política do Cartismo (chegou a Ministro) e grande proprietário rural na região de Castelo Branco.



Para saber mais sobre o Barão de Porto de Mós:
A Câmara Municipal de Porto de Mós editou, em 2005 a biografia “O Barão de Porto de Mós”, da autoria de António Borges Cunha e, muito recentemente, em Setembro de 2010, o CEPAE – Centro de Património da Estremadura e a Folheto Edições & Design, editaram o livro “A Morte do Barão de Porto de Mós” de Ricardo Charters d’Azevedo.

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