terça-feira, 19 de abril de 2011

O carro das vacas

Antes dos tractores


Possuir uma junta de bovinos implicava já, na Ataíja da minha infância, algum poder económico.
A maioria, ficava-se por um burro.

Juntas de bois havia apenas uma, a de José Ribeiro que era, então e a par com a sua prima Luísa Ribeiro, o maior proprietário da aldeia. Havia, depois, uma meia dúzia de juntas de vacas: a de Luísa Ribeiro e a de Francisco Dionísio que também tinham abegões permanentes e trabalhavam, em exclusivo, para a “casa”. Sabino Vigário era “carreiro” profissional. Com as suas vacas trabalhava “para fora”, fazendo os transportes e lavrando, a troco de uma jorna equivalente à de quatro homens, com direito, ainda, a almoço.

Tinham, ainda, juntas de vacas, António Matias, António do Casal, José Lourenço, Joaquim D’Avó, José Dionísio e mais uns quantos. Trabalhavam, essencialmente nos terrenos próprios e alguns deles faziam, ocasionalmente, serviços para terceiros.

Havia, depois, um pequeno grupo que, quase sempre, tinha bezerras. Compravam os animais muito jovens e ensinavam-nos a trabalhar vendendo-os de seguida.

O meu tio António Agostinho da Graça, possuía uma junta de vacas jovens e um carro que actualmente ainda existe mas se encontra muito deteriorado. Trata-se de um carro moderno, de eixo de ferro e rodas "doidas", já muito diferente dos tradicionais carros de eixo rígido, de madeira. (ver este carro, em 1976, fazendo o transporte de trigo da seara para a eira, Aqui).

Desse carro fizemos o desenho seguinte:

Legenda: a) chavelha, b) comando do travão, c) cabeçalha, d) moço, e) descanso do moço, f) fueiro, g) leito do carro, h) roda, i) dormente, j) torno, k) chazeiro, l) travão, m) cubo da roda, n) raio, o) travessa

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