Em Novembro de 2009, publicamos um post relativo à debulha
do trigo que, em meados dos anos setenta (as fotos então publicadas são de 1976), era
feita pela debulhadora do Leonídio e tinha lugar na eira que se fazia no
Quintal da Rosalia ((VER AQUI).
Entretanto, nos anos seguintes, o desenvolvimento das
indústrias locais, quer a da faiança decorativa quer a da extração do vidraço
de Ataíja, que absorviam a totalidade da mão-de-obra disponível, levou a uma
rápida e acentuada quebra nas quantidades de cereal semeado e, como uma coisa
leva a outra, ao desinteresse pela sementeira somou-se o desinteresse do
Leonídio pela debulha.
Em resultado do que a debulhadora ficou “encostada” e a
falta dela mais desmotivou os eventuais agricultores e a cultura do trigo quase
desapareceu, então, da nossa aldeia.
No início dos anos de 1990, o Zé Pirata, comprou ao Leonídio
a tal debulhadora que já há vários anos não trabalhava ou, melhor, comprou, por
pouco mais de seiscentos contos, todo o sistema de debulha: Debulhadora,
enfardadeira, tractor, a bancada para “fazer” os arames que haviam de atar os
fardos da palha e todos os demais acessórios necessários ao funcionamento do
sistema.
No primeiro ano, o trabalho foi pouco que na época da
sementeira os produtores, ou alguns deles, ainda não sabiam que iria haver, de
novo, debulhadeira.
Mas, no segundo ano parecia que toda a gente quiz semear
trigo e, por isso, houve quem tivesse de esperar mais de cinco dias para ver
chegar a sua vez de debulhar.
A partir daí, a quantidade de cereal que chegava à
debulhadora começou a diminuir rapidamente, o Pirata resolveu cessar a
actividade e a debulhadora foi, de novo e definitivamente, “encostada”.
O Pirata teve alguma dificuldade em livrar-se do que agora,
para ele, era apenas sucata. Sucata com muita madeira, demasiada madeira, e um
volume enorme. Nenhum sucateiro a queria, senão desmontada ou reduzida a
pedaços manuseáveis e transportáveis e liberta da madeira.
A solução foi queimá-la no quintal, num dia nevoento de
inverno. Com bons resultados, diga-se de passagem:, os sucateiros, finalmente,
lá se interessaram pelo ferro que sobrou do fogo e, tudo junto, com a
enfardadeira que, essa sim, era quase tudo ferro, ainda rendeu “uma boa
maquia”, como por aqui se diz.
O tractor, um velho NUFFIELD de 1967, esse, foi vendido para
os lados do Valado, com vista ao aproveitamento do seu motor para mover uma
bomba de água.
Por esse tempo (em 1995), também a Metalúrgica Duarte
Ferreira, a construtora destas máquinas agrícolas da marca TRAMAGAL (que aliás,
há muito tempo – 30 anos - tinha virado as costas à agricultura), chegava ao
fim
Foi também por estes anos que chegou ao fim a época das
debulhadoras e enfardadeiras fixas.
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