Os meus bisavós, os meus avós e os meus pais, casaram-se na
Igreja Paroquial de São Vicente de Aljubarrota e, assim, fazia toda a gente,
pelo menos até aos anos sessenta do séc. passado, quando se tornou moda
fazerem-se os casamentos na Capela de Nossa Senhora da Graça.
Assim foi com as minhas irmãs, o meu primo João Sapatada
(como já AQUI referimos) e muitos outros.
Mas, essa moda terá durado pouco mais de vinte anos e,
agora, os casamentos fazem-se nos mais diversos lugares, ao gosto dos noivos
e da localização da “quinta” onde terá lugar a festa.
Foi, assim, uma grande e agradável surpresa descobrir que, também
há cerca de duzentos anos, foi moda os ataijenses casarem-se na sua capela e, (uma
surpresa nunca vem só), algumas vezes em casamento celebrado por um padre “da
dita Ataíja”.
Eis um casamento celebrado em 29 de Janeiro de 1803:
Ataija de
Sima =
Luis Maxado
Com
Luiza Coelha
Gomes
|
Aos vinte enove dias
domêz de Janeiro de mil outo centos e três anos, por despaxo do Senhor Doutor
Provizor deste Bispado, na Capella da Senhora da Graça da Ataija de Sima
desta Freguezia de S. Vicente de Aljubarrota de minha Licença dada in scriptis
o Rdº Pe João Gomes da dita Ataija
ajuntou ao Sacramento do Matrimónio a Luis Maxado filho de Manoel Maxado e de
sua mulher Maria Vicente naturais e moradores na dita Ataija, com Luiza
Coelha Gomes filha de Christovão Francisco e de sua mulher Umbelina Gomes
naturais e moradores todos na dita Ataija de Sima, onde estes contrahentes ficão
moradores, forão testemunhas deste Matrimónio Joze Bernardino e o Pe
Coadjutor Joze Joaquim Leitão desta dita Villa eoutras mais Pessoas que
prezentes estavão de que fiz este assento, que assinei com as ditas
testemunhas dia e era ut supra
O Cura Thomaz de
Aquino da Costa
Joze Joaquim Leitão
Joze Bernardino
|
É certo que o mais divertido, nestas buscas pelo passado
ataijense, é encontrar coisas que não procurávamos, nem podíamos procurar, pois nem sequer sonhávamos que pudessem existir.
Mas, quem seria este Reverendo João Gomes?
O mistério é tanto maior quanto, nas buscas que fizemos dos
casamentos realizados na freguesia entre 1803 e 1826, o nome não voltou a aparecer-nos.
Em contrapartida, em cerca de uma dúzia de casamentos
celebrados, nesse período, na Capela de Nossa Senhora da Graça surge-nos, em
pelo menos sete casos, um padre Joaquim de Souza “da dita Ataíja de Sima” que,
em 29.10.1820 é dado como Cura da freguesia de Santo António do Arrimal.
Este Padre Joaquim de Souza, celebrou, no dia 4 de Fevereiro
de 1815, os casamentos de António Cordeiro com Anna Coelha e o de Joaquim
Heitor com Francisca Coelha.
Dois casamentos no mesmo dia, na Capela de Nossa Senhora da
Graça da Ataíja de Cima e realizados por um padre ataijense?.
Parece-me bem que nunca mais voltou a acontecer.
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