A Mélia, Maria Amélia Faustino Ribeiro Cordeiro, é uma pintora e escultora a quem já nos referimos neste blog por mais de uma vez. Merecidamente, diga-se.
Nascida em 1941, filha da maior casa agrícola da Ataíja de
Cima e a mais nova de seis irmãos, a Amélia foi a primeira mulher da aldeia a
estudar[i].
Precisamente porque nunca uma mulher ataijense tinha
estudado, a decisão familiar não foi fácil e a Amélia já tinha 14 anos quando o
pai finalmente concordou em deixá-la ir estudar e fez o exame de admissão ao
liceu.
Tendo feito o curso de enfermagem na Escola de Enfermagem Dr.
Ângelo da Fonseca, a Amélia exerceu a sua profissão de enfermeira, durante toda
a sua vida activa, primeiro em Lisboa e depois em Alcobaça.
Reformada, vem-se dedicando com mérito às artes, quer modelando
o barro quer pintando e, ultimamente, com algumas experiências que envolvem o
uso de materiais diversos, quer, ainda, à escrita, poesia e prosa, essencialmente
de carácter memorialista.
Actualmente tem patente na Casa da Janela Manuelina, em
Aljubarrota, uma interessante exposição que mostra trabalhos de várias épocas,
desde há mais de 20 anos até ao presente, sendo que o corrente ano de 2022 tem sido
claramente prolífico.
Presépios, santos, figuras históricas, tipos populares e monstros, são os motivos das peças modeladas em barro que remetem para as vivências pessoais e as memórias de infância e onde se nota um enorme gosto pela invenção.
Na pintura as peças expostas permitem verificar uma clara
evolução quer nas técnicas quer nos motivos, notando-se nas peças mais recentes
a experimentação de novos materiais e, sobretudo, um maior interesse em
resultados meramente estéticos.
Seguem algumas fotos que fiz na Exposição, ontem, dia
03-05-2022:
Tipos populares sobre díptico em fundo que mostra aspectos da Ataíja de Cima
Santos
Um trabalho recente: Acrílico sobre madeira e colagem (cortiça)
A Artista
[i] À excepção do Padre Manuel Tomás de Sousa nenhum ataijense do século XX tinha
estudado para além da 4ª classe e seria necessário esperar até 1981 pelo
primeiro licenciado natural da aldeia.
Obrigada meu amigo, é sempre uma honra ser mencionado no Blogue da nossa terra que amo com muito orgulho de cá ter nascido e que tu tão bem dás a conhecer. É muito gratificante encontrar tanta coisa interessante que sem este blogue nunca iria-mos saber. Cada coisa nova que nos contas é mais um degrau na ascensão da nossa Aldeia, vão pela certa vir muitas mais.
ResponderEliminarBelo trabalho.
ResponderEliminarSó é pena que no fim tenha ficado uma pequena "nódoa" linguística, que consiste num "h" a mais na frase " Há excepção do Padre........"