Entre os diversos nobres e burgueses que no Século XIX eram proprietários na Ataíja de Cima encontrava-se o Visconde de Costa Veiga.
No caso de que hoje tratamos, curiosamente, não do costumado olival mas, de terras de vinha e mato, situadas na margem esquerda da Ribeira do Mogo.
De facto, em 23 de Julho de 1890, no escritório do tabelião Francisco Eliseu Ribeiro, em Alcobaça, foi celebrada a escritura da compra que, pelo preço de 72$000 réis, Sabino dos Santos, alfaiate, morador na Ataíja de Cima, fez a Joaquim Matias e mulher Maria Firmina, de:
“uma vinha e mata, no sítio da Várzea da Ratinha, confrontando a norte com José Carvalho e Visconde de Costa Veiga, a sul com José d’Horta, a nascente com caminho e a poente com regueira”.
O Visconde era filho de António Xavier da Costa Veiga, nascido em Tábua em 4-5-1803 e falecido no Lumiar (Lisboa) em 1876 e a quem, em 1865, foi atribuído o título de Barão de Costa Veiga.
Tratava-se de um rico proprietário que a certa altura comprou o palácio Ludovice, um imponente edifício do Séc. XVIII, na Rua de São Pedro de Alcântara, ao cimo do elevador da Glória, onde actualmente funcionam o Solar do Vinho do Porto e o Instituto Português de Cinema e que foi construído, para sua residência, pelo arquitecto do Convento de Mafra, o alemão Johann Friedrich Ludwig que, nacionalizado português, passou a usar o nome de João Frederico Ludovice.
Sei pouco deste Barão de Costa Veiga mas, aparentemente, a sua fortuna terá sido conseguida no Brasil onde, em São Paulo, existe uma rua com o seu nome.
Certo é que era figura importante já que no seu palácio de Alcobaça pernoitou o Rei D. Luís I, (o que, aliás, aconteceu em 1863, dois anos antes de lhe ter sido concedido o baronato).
O título de Visconde de Costa Veiga foi criado pelo mesmo D. Luís I e concedido por carta de 31-03-1881 ao filho do Barão, de seu nome igualmente António Xavier da Costa Veiga, nascido em Lisboa em 20-10-1839 e aí falecido em 7-3-1906.
Licenciado em direito pela Universidade de Coimbra, o Visconde nunca exerceu qualquer profissão jurídica nem, aparentemente, outra, limitando-se a gerir a herança. A sua ligação a Alcobaça era escassa, apenas aí passando pequenas temporadas. No entanto foi um benemérito da vila, tendo contribuído para a construção e equipamento do Hospital de Alcobaça e do Asilo da Infância Desvalida e, em testamento, fez várias deixas a instituições locais e estabeleceu legados a favor de pobres e donzelas.
Nota:
Em Alcobaça existe uma Rua Costa Veiga (a parte urbana da Estrada Nacional 8-6). Fica-se sem saber se é homenagem ao pai se ao filho.
Estado actual (30.1.2014), do palácio Costa Veiga, na Rua de Baixo (Rua Frei Fortunato), em Alcobaça.
O edifício encontra-se a caminho de uma acelerada degradação, tendo já ruido parcialmente.
Fontes:
http://revelarlx.cm-lisboa.pt/
http://alcobaca.no.sapo.pt/
http://www.geneall.net/
http://maps.google.pt/
“Figuras de Alcobaça e sua Região”, por Bernardo Villa Nova, Rebate, Alcobaça, 2002
Curiosamente há poucos dias encontrei uma escritura de partilhas resultante do divórcio entre António da Veiga e Dona Catarina dos Santos Veiga, ele morador em Alcobaça e ela em S. Pedro de Alcântara. Era filho de Venâncio da Costa Veiga, que foi morador na Cela. Não sei qual a relação deste Venâncio da Costa Veiga com o dito Visconde António Xavier da Costa Veiga, mas parece existirem indícios de pertencerem à mesma família, visto que o casal divorciado tinham eram donos de um prédio em S. Pedro de Alcântara, provavelmente o mesmo que o Barão mandou construir. Para além deste prédio tinham cinco marinhas de sal na zona de Setúbal e imensas propriedades espalhadas pela freguesia da Cela, Vestiaria, Alcobaça, Évora, Famalicão e Maiorga. Só em domínios directos tinham 146, dos quais recebiam foro. A escritura referida tem a data de 14 de Setembro de 1925.
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário que, aliás, mais do que um comentário é uma excelente pista para quem quizer aprofundar o assunto. Falta, apenas, indicar o local de celebração da escritura referida.
Eliminar(Apenas, uma nota: O prédio em S. Pedro de Alcântara mencionado no texto não foi construído pelo Barão mas, antres, por João Frederico Ludovice, o arquitecto do Convento de Mafra).
Informo que a referida escritura foi efectuada em Alcobaça e pode ser encontrada no livro V-15-B-60 no Arquivo Distrital de Leiria. Precisamente hoje em mais uma ida ao Arquivo fiquei com as dúvidas desfeitas sobre a previsível ligação deste António Veiga ao ter encontrado outra escritura datada de 7 de Setembro de 1914, feita em Alcobaça, com a cota V-6-C-9, na qual é dito que António Veiga era filho de António Xavier da Costa Veiga ou Visconde da Costa Veiga e neto dos Barões da Costa Veiga.
EliminarNa legenda da foto fazemos menção ao facto de o edifício do Palácio Costa Veiga, na Rua Frei Fortunato (Rua de Baixo) em Alcobaça, se encontrar (naquela data, em Janeiro de 2014) em acentuada degradação e ruína.
ResponderEliminarO fim chegou no final de Janeiro de 2016, quando foi demolido.
Na legenda da foto fazemos menção ao facto de o edifício do Palácio Costa Veiga, na Rua Frei Fortunato (Rua de Baixo) em Alcobaça, se encontrar (naquela data, em Janeiro de 2014) em acentuada degradação e ruína.
ResponderEliminarO fim chegou no final de Janeiro de 2016, quando foi demolido.
Este texto foi objecto de abundante citação mum texto com o título "Palácio do Visconde Costa Veiga" da autoria de JERO e incluído na sua série "Edifícios com História", publicada no semanário Região de Cister (edição online, datada de 2-2-2018, em http://regiaodecister.pt/opiniao/palacio-do-visconde-costa-veiga
ResponderEliminarÉ uma pena este edificio com historia sere demolido.
ResponderEliminara minha Avó Laura filho do antonio e catarina ficou ainda com um lencço da Rainha D.Amelia que ficou esquecido em Alcobaça e agora está em posse da minha Mãe Manula.
Diogo Guedes Vaz
E eu, Paula Veiga, enquanto descendente gostava de saber mais informação - onde posso procurar?
ResponderEliminarMeu Tetraavô. Eu, Filipe, filho da Anabela Lobo da Costa veiga
ResponderEliminarO visconde António Xavier da Costa Veiga, era filho do barão António Xavier da Costa Veiga, neto de José Maria da Costa Veiga, e bisneto de António Vaz da Costa e Maria Luisa, meus 6 avós.
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