terça-feira, 20 de setembro de 2011

Retratos de uma família ataíjense

José Ribeiro


A fotografia é um importante meio auxiliar da história, sobretudo quando datada ou quando contém elementos que nos permitem determinar com bastante certeza a data aproximada em que foi feita. Isto, por transmitir um quadro da época o qual, necessariamente, há-de conter importantes informações.

Nas nossas investigações sobre a Ataíja de Cima, temo-nos deparado com a, aliás compreensível (fotografia não era hobby de camponeses), escassez de elementos iconográficos. Daí, a nossa alegria por mão amiga nos ter feito chegar um conjunto de retratos de família, tendo por principal personagem José Ribeiro (1900 – 1973) que foi um dos maiores proprietários rurais da nossa aldeia.


José Ribeiro, com 33 anos de idade, de chapéu de feltro e jaqueta, montado no seu cavalo, frente à porta de sua casa, na qual vai a entrar uma das filhas mais velhas.
O cavalo, a pose e o traje, identificam, inequivocamente, o retratado como um abastado (à escala local) proprietário:



José Ribeiro, em 1940, com quarenta anos de idade, numa fotografia de estúdio:


Uma interessantíssima fotografia de grupo, datada de 21 de Abril de 1949.
Os trajes, do filho António e de outros, mostram, inequivocamente, que foi tirada em um dia de semana. Apesar disso, o Patriarca mostra o seu estatuto social: Bem penteado, camisa branca, casaco e colete, em cujo bolso repousa o relógio de que se vê a corrente de prata.
A professora da aldeia, elemento de uma importante família de Alcobaça, era hóspede da casa.
São as seguintes as pessoas retratadas (da esquerda para a direita):

Francelina Botas (actualmente residente no Mogo, era a criada da professora); Joaquina (filha); Dona Elvira, mãe da professora; Maria Fernanda Ferreira da Bernarda, professora; Maria Emília (filha); Luísa (filha), tendo ao colo a pequena Maria Emília (actualmente residente em França); José Ribeiro; Emília Faustino (esposa) e António (filho). À frente: Maria Amélia (filha) e Fernanda da Bernarda, filha de Silvino Ferreira da Bernarda e ex-directora da SPAL)


Emília Faustino, filha de José Faustino, da Quinta do Mogo, esposa de José Ribeiro, numa fotografia de estúdio, de 1950. Das orelhas pendem as arrecadas de ouro filigranado e, ao pescoço,o longo cordão (cerca de 3 metros) também de ouro:


José Ribeiro e a mulher, com os netos Pedro e Paula Cordeiro, numa fotografia de 1967, tirada no largo em frente à sua casa. Note-se a degradação do pavimento do largo (nesse tempo o alcatrão ainda não tinha chegado à Ataíja de Cima) e a ausência da sacristia da Capela de Nossa Senhora da Graça (nesse tempo a sacristia era, ainda, ao lado direito da Capela, estrangulando a estrada). Atente-se, também, no sempre cuidado traje de José Ribeiro: A calça vincada, os costumados chapéu e colete, onde brilha a corrente do relógio e, por ser domingo, gravata:


Finalmente, uma fotografia de 09-10-1972, (ver AQUI). É, talvez, a última fotografia de José Ribeiro que havia de falecer alguns meses depois.
Trajando os habituais chapéu, casaco e colete, está acompanhado da mulher, de quatro netos e um bisneto:



O estado do edifício em fundo mostra que a actividade da casa agrícola que levou cem anos a construir, estava fortemente reduzida e ia entrar numa nova fase, com o inevitável desmembramento resultante da partilha pelos 6 filhos:

Ao mesmo tempo, toda a actividade económica da Ataíja de Cima entrava num novo ciclo, caracterizado pelo abandono da agricultura e pela emergência das indústrias da faiança e da extracção da pedra vidraço de Ataíja.

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