sexta-feira, 2 de março de 2012

Um milagre de Santo António




Não sabemos quando a imagem e o culto de Santo António foram introduzidos na Capela de Nossa Senhora da Graça da Ataíja de Cima. Terá sido já no Séc. XIX ou, o mais cedo, no final do Séc. XVIII pois que, em 1758, o relatório do cura de São Vicente, inserto nas Memórias Paroquiais, ainda não refere a sua existência.
Seja como for, a verdade é que, há cerca de cinquenta anos, as imagens de Santo António e do Menino Jesus encontravam-se em muito mau estado de conservação, sofrendo de fortes ataques do caruncho e, fruto de algumas quedas dos andores e das peanhas, em ocasião de limpeza mais apressada, ou de menos gentileza no vestir e despir das vestes, apresentavam os braços partidos, além das galerias abertas pelo xilófago, e outras mazelas.
De tal modo que a sua colocação nos andores para a procissão à serra (único dia em que deviam sair dos seus lugares) era sempre uma operação delicada que implicava, além do mais, fixar-lhes os braços ao corpo com fita adesiva.
Foi por essa época que foram adquiridas novas imagens e as redomas de vidro em que agora se conservam.

Pelo menos a imagem de Santo António e, julgo, também as redomas, foram custeadas, na totalidade ou em grande parte, por Francisco Salgueiro, de quem me recordo por, na época própria, desempenhar as funções de mestre do lagar de azeite de Luísa Ribeiro.
Se bem me lembro do que então foi falado, a generosidade do Francisco Salgueiro esteve relacionada com um “milagre” de Santo António.
Assim:

Tendo resolvido plantar um eucaliptal, num terreno que possuía junto à Estrada Nacional n.º 1, o Francisco Salgueiro fez promessa ao Santo António de que, se a plantação vingasse, lhe ofereceria o melhor eucalipto.
E, fosse por o Santo ter levado o assunto a sério, ou porque, como preferirão os não crentes, as condições edafoclimáticas foram favoráveis, os eucaliptos vingaram bem, cresceram longos e direitos como convém e medraram em bom ritmo.
Sendo que, para livrar o promitente de quaisquer dúvidas, passados os sete ou oito anos necessários para os eucaliptos proporcionarem o primeiro corte, um deles tinha um diâmetro que dobrava o de qualquer dos outros.
Santo António tinha cuidado, zelosamente, do que era seu.
Não houve, assim, qualquer dificuldade em cumprir a promessa.
Como, efectivamente, foi cumprida.


Imagem de povoamento de eucaliptus globulus (o eucalipto comum em Portugal, originário do sul da Austrália e da Tasmânia). Fotografia da autoria de Forest Starr & Kim Starr, Maui, Hawaii,  retirada de:   http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Starr_050818-4121_Eucalyptus_globulus.jpg#globalusage 

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