A palavra mangual deriva do latim manualis, significando manual.
O Mangual, a que em algumas regiões chamam malho, é um
antiquíssimo instrumento agrícola que serve para malhar e debulhar cereais e
legumes.
Durante muitos séculos foi usado (e ainda o é) em todo o hemisfério norte, da Europa à China.
Teve, também, largo uso como arma de guerra, sobretudo em versões mais pequenas que o mangual agrícola, destinadas a ser manejadas com uma só mão.
É composto por dois paus ligados por uma correia de couro,
sendo um deles, o que os dicionários designam por mango e serve de cabo, mais comprido, (cerca de 150cm) e fino
(4,5-6cm de diâmetro) e o outro, a que os mesmos dicionários chamam pírtigo, mais curto (65 a 70cm) e um pouco
mais grosso (6-7cm de diâmetro) e serve para bater os cereais.
Malhar era um dos mais duros e fisicamente exigentes trabalhos
agrícolas.
No Verão, com temperaturas rondando os trintas graus, em
eiras que se queriam ensolaradas e à hora de maior calor (que os grãos, quanto
mais secos, mais facilmente se desprendiam da maçaroca ou melhor se abriam as
vagens e cascas protectoras), malhar era trabalho para homens fortes.
Dependendo das dimensões da eira e da quantidade de cereal a
debulhar, o número de malhadores variava entre o solitário dono de pobre
colheita, até dois grupos de quatro homens cada, postados frente-a-frente,
batendo a palha alternadamente, à voz do mandador.
Por vezes, havia lugar a disputas entre os malhadores, para
ver quem batia mais forte e durante mais tempo. Eram momentos privilegiados de
exibição de força masculina perante as raparigas que, em redor, desempenhavam as
tarefas auxiliares.
Mas, a extrema dureza da tarefa, limitava o uso do mangual à
debulha de relativamente pequenas quantidades de cereais ou legumes. Para quantidades maiores
recorria-se, preferencialmente, ao trilho. Como já dizia no Séc. XII um frade
espanhol: outros debulham com mangual que é o mais pobre debulhar de todos.
Este mangual é uma peça recente.
Foi construído pelo meu
pai, haverá cerca de trinta anos e destinava-se a malhar pequenas quantidades
de vagens, resultantes de uma agricultura pouco mais do que recreativa que ele praticava
quando já reformado.
A tradicional correia de couro foi aqui substituída por uma simples corda.
Uma ilustração medieval francesa (Martirológio da Abadia de Saint Germain-des-Prés, séc. XIII), representando a debulha com
mangual
Nota: Quem gostar de dançar salsa pode procurar, no Youtube, por José Mangual Jr.
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