terça-feira, 9 de abril de 2013

O Mangual




A palavra mangual deriva do latim manualis, significando manual.

O Mangual, a que em algumas regiões chamam malho, é um antiquíssimo instrumento agrícola que serve para malhar e debulhar cereais e legumes.
Durante muitos séculos foi usado (e ainda o é) em todo o hemisfério norte, da Europa à China.
Teve, também, largo uso como arma de guerra, sobretudo em versões mais pequenas que o mangual agrícola, destinadas a ser manejadas com uma só mão.


É composto por dois paus ligados por uma correia de couro, sendo um deles, o que os dicionários designam por mango e serve de cabo, mais comprido, (cerca de 150cm) e fino (4,5-6cm de diâmetro) e o outro, a que os mesmos dicionários chamam pírtigo, mais curto (65 a 70cm) e um pouco mais grosso (6-7cm de diâmetro) e serve para bater os cereais.

Malhar era um dos mais duros e fisicamente exigentes trabalhos agrícolas.
No Verão, com temperaturas rondando os trintas graus, em eiras que se queriam ensolaradas e à hora de maior calor (que os grãos, quanto mais secos, mais facilmente se desprendiam da maçaroca ou melhor se abriam as vagens e cascas protectoras), malhar era trabalho para homens fortes.
Dependendo das dimensões da eira e da quantidade de cereal a debulhar, o número de malhadores variava entre o solitário dono de pobre colheita, até dois grupos de quatro homens cada, postados frente-a-frente, batendo a palha alternadamente, à voz do mandador.

Por vezes, havia lugar a disputas entre os malhadores, para ver quem batia mais forte e durante mais tempo. Eram momentos privilegiados de exibição de força masculina perante as raparigas que, em redor, desempenhavam as tarefas auxiliares.

Mas, a extrema dureza da tarefa, limitava o uso do mangual à debulha de relativamente pequenas quantidades de cereais ou legumes. Para quantidades maiores recorria-se, preferencialmente, ao trilho. Como já dizia no Séc. XII um frade espanhol: outros debulham com mangual que é o mais pobre debulhar de todos.




Este mangual é uma peça recente.
Foi construído pelo meu pai, haverá cerca de trinta anos e destinava-se a malhar pequenas quantidades de vagens, resultantes de uma agricultura pouco mais do que recreativa que ele praticava quando já reformado.
A tradicional correia de couro foi aqui substituída por uma simples corda.



Uma ilustração medieval francesa (Martirológio da Abadia de Saint Germain-des-Prés, séc. XIII), representando a debulha com mangual

 Mangual, numa pintura (detalhe de A Terra da Abundância) de Pieter Bruegel, O Velho (séc. XVI)

 Mangual como arma de guerra (gravura alemã de Hans Lutzelberger - Séc. XVI)


Nota: Quem gostar de dançar salsa pode procurar, no Youtube, por José Mangual Jr.

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