No largo do Fundo da Igreja, entre a rua de Nossa Senhora da
Graça e a de Santo António, ao lado da que foi a casa de Maria Constantino e
mesmo em frente à porta da cave da Capela, existe um pequeno edifício que agora
serve de garagem e serviu, antes, além de outras coisas, como o palheiro das vacas de
João Pereira que foi pai do actual proprietário.
Na festa em honra de Santo António que, como é tradição, se
realizou no passado dia 15, o referido edifício serviu como bar de apoio aos
festejos e, por isso, o seu portão esteve aberto, deixando ver o que a
generalidade dos ataijenses desconhece:
Embebidas na parede do lado esquerdo, em excelente estado de
conservação, podem ver-se as “virgens” onde articulava a vara de um lagar.
Atenta a reduzida dimensão do edifício e a sua localização,
é certo de que se tratou, não de um lagar de azeite mas de um lagar de vinho.
Esse lagar de vinho, no entanto, já deixou de laborar há
muitos anos, mais do que alcança a memória de qualquer ataijense vivo. É o que
concluo da conversa que mantive com o António Pereira, o qual apenas sabe que o
edifício foi comprado pelo seu pai (mas não sabe quem foi o vendedor) e
desconhecia que aquelas pedras na parede serviam para propiciar a articulação
da vara do lagar. O que quer dizer que o seu pai nunca lhe terá falado nisso,
muito provavelmente por, à data da compra da propriedade, já nela não haver
outros indícios da antiga função.
Na Ataíja de Cima escasseiam os vestígios do passado e os
que sobram estão, muitos deles, arruinados ou em vias de ruína.
No caso do antigo lagar de que falamos, apenas sobram os
vestígios que, por se encontrarem embebidos na parede, não dificultaram os
sucessivos usos que foram dados ao edifício. Esperemos que esse facto permita
que se mantenham intactos por outros tantos anos.
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