Constantino dos Santos, exposto da Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa (SCML) casou-se, em primeiras núpcias, em 6 de Novembro de
1881.
Vivia, então, na Ataíja de Cima, onde era criado de servir e
tinha, na data do casamento, 28 anos de idade.
A noiva foi
Guilhermina dos Santos, da idade de 36 anos e, também ela, exposta da Santa
Casa da Misericórdia de Lisboa e criada de servir na Ataíja de Cima.
Foram testemunhas no casamento (padrinhos) João Coelho e
José Carvalho, ambos casados, proprietários, moradores na Ataíja de Cima. O
José Coelho assinou o assento e esse facto, o de um ataíjense que sabia
assinar, era bastante raro na época pelo que deve ser, aqui, assinalado.
O casamento durou, apenas, 65 dias já que, em 10.01.1882, faleceu Guilhermina dos
Santos, doméstica, de 38 anos de idade, exposta da SCML, casada com Constantino
dos Santos, também ele exposto da SCML.
Em 24-01-1882 (14 dias depois), faleceu Maria,
de 18 dias de idade, filha legítima da Guilhermina e do seu marido Constantino.
Ou seja, a mãe faleceu na sequência do
parto e a filha não lhe sobreviveu mais do que 14 dias.
A Guilhermina que tinha dado entrada no
Hospital dos Expostos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em 25 de
Julho de 1845, chegou à Ataíja de Cima com um ano de
idade, mais exactamente, em 28 de Julho de 1846, onde ficou a
cargo da ama de seco Marianna Vicente[i], casada
com Caetano dos Santos[ii], moradora
na Ataíja de Cima, freguesia de Nossa Senhora dos Prazeres d’Aljubarrota[iii],
concelho de Alcobaça.
Em 13 de Março de 1849, foi renovado o contrato entre a SCML
e Marianna Vicente, a qual se obriga a continuar a criar a Guilhermina durante
quarenta e oito meses, contados de 28 de Julho de 1848, a que, posteriormente,
foram acrescentados mais 36 meses, ou seja, até a exposta completar os dez anos
de idade.
Naquele tempo, era suposto que uma criança com dez anos de
idade já era capaz de produzir o suficiente para a sua alimentação e vestir,
pelo que cessavam os pagamentos às amas e era celebrado um último contrato que,
no caso da Guilhermina, foi o seguinte:
“Aos dous dias de
Novembro de mil oitocentos e cinquenta e cinco neste Hospital dos Expostos de
Lisboa foi entregue a Marianna Vicente, casada com Caetano dos Santos,
Lavrador, moradora na Ataíja de Cima, freguesia de N. S. dos Prazeres d’Aljubarrota,
concelho de Alcobaça
A Exposta Guilhermina,
por tempo de seis annos que principiam n’esta data, para a sustentar, vestir,
calçar e educar na Religião Christâ, e em todo o trabalho civil próprio do seu
sexo, e findo o dito prazo, se apresentará neste Hospital com a mencionada
Exposta; e, não apresentando, será obrigada a pagar-lhe as soldadas que este
Hospital costuma arbitrar por todo o tempo que decorrer desde que finalizar o
prazo deste Termo, que vai assignado pelo Director do dito Hospital
a) Luis Paulo Basto”
(AHSCML, Lº de Vestir
nº 14, Fls. 327)
Em 26 de Julho de 1886, o viúvo Constantino
dos Santos, de 34 anos de idade, casou, em segundas núpcias, com Serafina de
Jesus, solteira, doméstica, de 28 anos de idade e, também
ela, exposta da Santa Casa da Misericórdia
de Lisboa.
Roda dos expostos de Caria (Belmonte - Beira Interior)
(retirada de http://www.passadodepedra.blogspot.pt/2010/04/casa-da-roda-de-caria.html)
[i] Noutros
lugares identificada como Mariana Branca. Em 28-10-1844, tinha perdido uma
criança que faleceu no dia seguinte ao parto.
[ii] Também
ele exposto.
[iii] Não se
trata de gralha. Naquele tempo, efectivamente, a Ataíja de Cima pertencia à
freguesia de Nossa Senhora dos Prazeres, por se encontrar extinta a freguesia
de São Vicente mas, disso, havemos de falar numa outra ocasião.
Da pesquisa na minha freguesia encontrei um Exposto, José Carvalho em que no baptismo de filho Jayme diz que é de Aljubarrota, morador na Qtª do Arneiro, freguesia. Arneiro, flº de Joaquim Carvalho, e Mª Assunpção
ResponderEliminarMas no seu baptismo em 21/3/1906, em Stª Mª do Castelo, Torres Vedras, onde declarou ser exposto da S.C.M. Lxª, foi miudo de leite nos Casais da Stª Teresa, Freg. S. Vicente de Aljubarrota, concelho de Alcobaça e diz ter idade 42 anos
Se tiver dados sobre ele agradecia, para uma investigação que estou a fazer sobre Expostos
José Damas
Sr. José Damas.
EliminarLamento não lhe poder ser útil já que pesquiso exclusivamente assuntos relacionados com a Ataíja de Cima e só acidentalmente recolho dados coerentes relativos a terras vizinhas.
No entanto, julgo que, com os dados que possui, tem grandes hipóteses de encontrar o seu José Carvalho consultando os livros existentes no Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, onde as pessoas são muito competentes e simpáticas e o acesso à informação é muito fácil.