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O texugo (Meles meles) é um mamífero selvagem, de
hábitos nocturnos, da família dos mustelídeos (cujo tipo é a doninha).
Animal de porte médio, tem
cerca de 60cm de comprimento, 10 a 12 quilos de peso, cabeça e orelhas pequenas, o corpo é coberto de cerdas fortes (que já serviram para fazer pincéis de barba) nas cores branco e preto (cabeça e rabo) e cinzebto (corpo) e, caracteristicamente, duas faixas longitudinais pretas na cabeça branca. Nas patas dianteiras tem poderosas garras, com as quais escava as tocas, profundas e com vários túneis, câmaras e entradas, onde vive em grupo.
O território em redor da
toca é marcado com várias latrinas (pequenas covas escavadas no solo, onde
defeca e urina).
Escava a terra para arrancar
raízes e bolbos e abre abóboras para comer o interior (de focinho estreito e
afilado, é capaz de comer todo o interior de uma abóbora, através de um orifício
aberto na casca).
É omnívoro (come quer
animais, quer vegetais: ratos, insectos, répteis, minhocas e caracóis, frutos,
raízes e bolbos).
Um dos aspectos mais curiosos da vida do texugo diz respeito ao seu sistema reprodutivo. é a chamada implantação retardada, caracterizada pelo facto de o ovo fertilizado só se implantar no útero vários meses após a fecundação, do que resulta que, independentemente do momento em que a fecundação teve lugar, as crias nascem sempre nos inícios do tempo primaveril.
O texugo era vulgar nos matos da
Ataíja e, como as raposas, foi muito prejudicado com a construção, há 50 anos,
da Estrada Nacional 1 que se configurou como uma barreira, separando a borda da
serra e o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, do resto da região.
Ainda existe, ou existia
muito recentemente, no Vale da Ribeira do Mogo, de resto agora atravessado pelo
IC9 o que veio fragmentar, ainda mais, o seu habitat, reduzindo as suas
possibilidades de deslocação em busca de alimento.
Por atacar sementeiras de
abóboras e de milho, a sua caça era premiada pelo que se lhe montavam
armadilhas e, capturado, era passeado pela aldeia e as pessoas davam comida e
bebida ou dinheiro aos captores.
Vi apenas um nessa
circunstância, transportado vivo dentro de uma gaiola improvisada. Ficou bem
gravada na minha memória a agitação do animal tentando libertar-se da prisão, as
enormes garras das patas dianteiras e o ar feroz que lhe davam os dentes
arreganhados.
O seu destino final foi, ao
que parece, ser comido em patuscada pelos captores.
É comum a ideia de existirem
duas espécies: texugo-porco e texugo-cão. Mas, são a mesma.
A convicção popular de haver
duas espécies de texugo, resultará do facto de sofrer grandes variações de peso
(até 50%), conforme a época do ano, até porque, durante o Inverno, pode passar
vários dias sem se alimentar (assim, será texugo-porco quando está gordo, [e por
isso se diz de uma pessoa que está gorda que nem um texugo], e texugo-cão
quando está magro).
É uma espécie protegida e a
sua caça está proibida em Portugal desde os anos sessenta.
Os que se interessam pela
vida selvagem, podem procurar vestígios da sua existência através da busca das
entradas das tocas, de latrinas, ou de pegadas.
Texugo no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros
(foto tirada em 8-5-2012, usando uma Canon EOS 350D Digital)
Autor da fotografia: Diogo Carvalho, a quem agradecemos ter, expressamente, autorizado a publicação
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