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Se escutarmos com atenção a um ataíjense, a falar de aves
selvagens ou de caça, talvez o ouçamos dizer pedriz, em vez de perdiz.
A perdiz-vermelha ou perdiz-comum, (Alectoris rufa) que é, a par do coelho, uma
das espécies mais caçadas em Portugal, pertence à família Phasianidae (faisões), da
ordem Galliformes, ou
galináceos.
Era muito comum na zona da Ataíja de Cima – no livrinho
“Guia de Aves PNSAC”, editado em 1998 pelos serviços do Parque Natural das
Serras de Aire e Candeeiros, é, ainda, dada como comum em toda a área do parque
– mas há muitos anos que por aqui não vejo nenhuma. Será, ainda, vulgar mas já
não tão abundante que a leve, como levava, a nidificar em qualquer seara (que,
também, já não há), onde faz os ninhos, em pequenas covas, no chão, por vezes, a escassa centena de metros das casas.
A perdiz-vermelha habita por toda a Península Ibérica no sul da França e
no médio oriente.
É uma ave gregária que vive em grupos que se juntam em
grandes bandos, especialmente no fim do Inverno, bandos esses que são desfeitos
no início do período reprodutivo. Pode ser encontrada em quase todas as regiões
do nosso país, preferindo zonas mais abertas com parcelas de culturas agrícolas
e outras de mato mais denso, em que existam pontos de água durante o período
mais quente do ano.
Alimenta-se preferencialmente de sementes e rebentos de
plantas bravias e agrícolas, consumindo também insectos (componente principal da
alimentação dos perdigotos), moluscos e outros invertebrados.
O mimetismo (confunde-se com o meio ambiente) é a sua maior
defesa e, geralmente, não usa o voo como meio de fuga, nem, muito menos, como
meio de deslocação. Normalmente caminha e, em caso de perigo, prefere correr e
esconder-se.
O voo da perdiz é geralmente curto e pesado, mas rápido e direito, emitindo um som muito característico e, apenas é utilizado como último recurso de fuga, voando
poucos metros até uma zona com mato mais denso onde se possa esconder.
É uma ave de razoável porte, como uma pequena galinha,
atingindo pesos entre os quinhentos e os setecentos gramas. Tem um corpo
compacto e arredondado e bico curto avermelhado. Na cabeça sobressai a garganta
branca, orlada por uma faixa e pintas negras e os flancos são listados de
branco, preto e arruivado.
As crias abandonam o ninho logo após a eclosão dos ovos e,
dantes, era frequente ver pequenos bandos de perdigotos correndo, atrás da mãe,
pelos caminhos dos campos.
Os seus principais predadores são a raposa, a gineta, o
gato-bravo, algumas aves de rapina, o javali e os corvos, a que se juntam cães
e gatos domésticos semi-vadios.
Agora já não há raposas por aqui mas, também não há searas e
duvido que haja grandes bandos de perdizes, como um que, há quase cinquenta
anos, se levantou na serra, um pouco acima do cruzeiro, onde eu andava matando
o tempo numas férias de Verão.
De repente, o silêncio da serra foi cortado pelo barulho
infernal de um enorme bando de perdizes que, assustado com a minha presença,
levantou voo, ali mesmo, quase debaixo dos meus pés.
Foi um dos maiores sustos da minha vida.
E, quem nunca viu e ouviu um bando de perdizes a levantar
voo, não pode saber do que é que eu estou a falar.
(Desenho de Francisco Barros, in “Guia de Aves PNSAC”)
NOTA:
Para a elaboração destes texto foram consultados, em
01-07-2012:
E, ainda: Marques, Paulo e Barros, Francisco, “Guia de Aves
PNSAC”, edição do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, Rio Maior,
1998
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