segunda-feira, 19 de maio de 2014

Constantino dos Santos - do Hospital dos Expostos de Lisboa a patriarca de uma família ataíjense - II



Como vimos (AQUI), o Constantino dos Santos que, em 10 de Janeiro de 1882, ainda não tinha trinta anos, havia ficado viúvo de Guilhermina dos Santos, voltou a casar, em 26 de Julho de 1886, tinha agora 34 anos de idade, com Serafina de Jesus ou Serafina dos Santos, solteira, doméstica, de 28 anos de idade e, também ela, exposta da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Quem era esta Serafina?

No AHSCML[i], o Livro de Matrícula, Fêmeas, nº 50, a fls. 241, sob o nº 591, regista a entrada em 7 de Janeiro de 1857 de uma Serafina que, em 8 de Janeiro de 1857, foi entregue à ama-de-leite Maria Joaquina casada com João Gomes moradora no Casal do Leonardo, freguesia de Santa Anna da Carnota, concelho de Alenquer, ao cuidado de quem se manteve até aos três anos de idade.
Em 12 de Janeiro de 1860, foi a Serafina entregue a Rozalia Maria casada com José Maria, trabalhador, moradora no Campo de Santa Clara[ii] nº 56, da freguesia de Santa Engrácia em Lisboa.
Em 11 de Março de 1862, tinha a Serafina 5 anos quando foi entregue a Maria Joaquina, casada com José Carvalho, trabalhador, moradora na Ataíja de Cima.
Em 17 de Setembro de 1864 e a contar de 11 de Janeiro de 1864, a SCML renovou o contrato com a Maria Joaquina, por mais 36 meses, quer dizer, até a criança completar dez anos de idade.

Completados os dez anos, como já antes se disse, a SCML deixava de pagar às amas e a criança era entregue (nesta época, em regra), pelo período de seis anos quer dizer, até completar os dezasseis anos, a quem se comprometesse a vestir, calçar, educar na religião cristã e ensinar um ofício de acordo com o seu sexo, naturalmente, em troca do trabalho a prestar pela criança. Sobre este assunto já transcrevemos, no post anterior, o “termo de vestir” da 1ª mulher do Constantino, pelo que nos dispensamos de transcrever agora o da Serafina que é de teor idêntico, como, aliás, o do próprio Constantino.

Esse contrato ou Termo de Vestir da Serafina, consta do Livro nº 25, de Vestir, fls. 229
(Serafina Lº 137 fls 241 nº 591):

Aos sete de Junho de 1867 entregue a Maria Joaquina casada com José Carvalho, trabalhador, moradora na Ataíja de Cima freguesia de São Vicente de Aljubarrota[iii] concelho de Alcobaça
Por tempo de seis anos….

A partir da celebração do Termo de Vestir não há, em regra, mais informação sobre os expostos no AHSCML. Daqui até ao casamento, passos documentados da vida da Serafina, a haver, há-de ser nos Róis dos Confessados ou no competente Juízo dos Órfãos.
Segue-se, pois, um longo período de dezoito anos durante os quais nada sabemos da Serafina.

Apenas, sabemos que é a mesma pessoa que se casou com Constantino dos Santos porque não há notícia de uma outra Serafina na aldeia e, também, porque uma das testemunhas do casamento foi José Carvalho, precisamente, o dono da casa onde foi criada, certamente, o mais próximo da figura parental que ela conheceu e, talvez, um verdadeiro pai.


Roda dos expostos da vila de Almeida
(foto retirada de: http://beira.pt/portal/diretorio/nucleo-museologico-da-roda-dos-expostos/)



[i] Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
[ii] Onde se realiza a Feira da Ladra.
[iii] A Freguesia de São Vicente de Aljubarrota tinha sido, entretanto, restaurada.

2 comentários:

  1. Gostaria de algumas informações e não sei como encontrá-las.
    Procuro Esdras dos Santos, data de nascimento 27 mar 1868 e Sabina dos Santos, data de nascimento 02 mai 1869, os dois são expostos da Santa Casa da Misericórdia em Prazeres de Aljubarrota, Alcobaça. Já os procurei nos registros paroquiais e não se encontram lá. Por isso presumo que os registros dos expostos fossem feitos noutro tipo de livro. Essas datas foram dadas assim, nem sei se são corretas. No entanto, o Esdras foi deixado com um lençol de emblema real. Seria filho do Conde. Há relatos de que ele seria uma cópia do retrato do conde existente numa igreja em Alcobaça, mas desconheço qual delas, mas tenho foto do Esdras. Sou conhecedora de genealogia, mas por me encontrar no Brasil, não há muito que possa fazer, apesar de ser portuguesa. Tenho pesquisado bastantes livros no site da Torre do Tombo, mas nada encontrei relacionado a expostos nesta região. Se pudesse me ajudar com alguma coisa, agradeceria imenso. Lúcia Fernandes

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    1. O melhor é começar pelo Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (http://www.scml.pt/pt-PT/areas_de_intervencao/cultura/arquivo_historico/)
      onde, em princípio, será fácil encontrar os registos de entrada e de baptismo e os de entrega à ama ou amas que os criaram.
      Se foram criados em Prazeres de Aljubarrota até à idade adulta e aí casaram e, ou, faleceram, hão-de encontrar-se os assentos nos respectivos Registos Paroquiais. Sobre este assunto, consulte o Arquivo Distrital de Leiria (http://adlra.dglab.gov.pt/).
      Espero ter sido útil.

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