Geralmente toldado, toda a gente se ria dele à custa de uma suposta paixão por uma filha de um tal Pinhão. Acumulava com a sua profissão de ferrador, as qualidades de um exímio tratador de doenças de burros e outros animais. Era, ao que ouvi, filho ou neto de um veterinário ou estudioso das coisas da veterinária e por aí teve acesso a alguns livros antigos da especialidade (livros esses que, às tantas, alguém lhe terá roubado) que leu com proveito, dele e dos proprietários de muitos animais de que tratou.
As farmácias de Alcobaça não hesitavam em aviar as receitas que, a lápis, passava no primeiro papel que encontrasse.
Era célebre a sua frase ""O Dr. Lavrador é burro!".
Lembro-me de uma ocasião em que um homem, de uma aldeia vizinha, correu a Ataíja montado numa mula, perguntando desesperadamente pelo Barata que queria lhe visse um animal doente. Como me lembro de o ver sangrar um burro e fechar a incisão com um alfinete de dama. Neste caso, ou noutro, já não recordo, esfregou vigorosamente a língua do bicho com sal e cebola albarrâ e, como em muitas mais vezes, os animais ficaram curados.
O Ferrador, fotografia de Leonel Castro.
Foto retirada com a devida vénia, de Museu da Memória Rural, in https://museudamemoriarural.pt/portfolio/galeria-ferrador/
Foto retirada com a devida vénia, de Museu da Memória Rural, in https://museudamemoriarural.pt/portfolio/galeria-ferrador/
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