No passado dia 7 de Outubro publicámos aqui um primeiro post sobre este assunto. Outros estão a ser preparados mas no de hoje, motivado por um texto do Dr. Rui Rasquilho publicado em “O Alcoa”, de 5-11-2009, falaremos, antes, da passagem dos ingleses.
A história da Guerra Peninsular, ou Invasões Francesas, tem de ser feita, sobretudo, por recurso ao que na época foi escrito por militares franceses e ingleses já que a bibliografia portuguesa contemporânea é, praticamente, inexistente.
Entre os diversos livros escritos por militares ingleses que naquela época combateram em Portugal, encontra-se o referido pelo Dr. Rui Rasquilho, “The Diary of a Cavalry Officer in the Peninsular War and Waterloo Campaign. 1809-1815”. by the Late Lieutenent Colonel Tomkinson, 16th Light Dragons. Edited by His son James Tomkinson, Second Edition, London Sonnenschein & Co. New York Macmillan & Co. 1895. (“Diário de um Oficial de Cavalaria na Guerra Peninsular e na Campanha de Waterloo. 1809-1815”, pelo antigo Tenente-Coronel Tomkinson, do 16º Regimento Ligeiro de Dragões. Editado por seu filho James Tomkinson, Segunda Edição, Londres, Sonnenschein & Co. Nova Iorque, Macmillan & Co., 1895).
O livro está disponível e pode ser descarregado da internet, em PDF e noutros formatos, em:
http://www.archive.org/details/cu31924024323663
(lembramos aos eventuais leitores o facto de que existe hoje na internet uma grande massa de informação disponível, a que qualquer um pode aceder gratuitamente).
O original do exemplar disponível na internet é propriedade da Cornell University Library (Biblioteca da Universidade de Cornell, Estados unidos da América) e foi comprado com a renda do Sage Endowment Fund,( Fundo da Doação Sage), oferecido pelo Sr. Henry W. Sage em 1891. (Henry W. Sage foi um rico homem de negócios que, numa atitude muito típica dos americanos ricos doou, em finais do Século XIX, um total de cerca de 2,375 milhões de dólares à Universidade de Cornell, (v. o seu obituário publicado no jornal New York Times, no dia 19-9-1897, disponível, em:
http://query.nytimes.com/mem/archive-free/pdf?_r=1&res=9502E4DD1039E433A2575AC1A96F9C94669ED7CF))
http://www.archive.org/details/cu31924024323663
(lembramos aos eventuais leitores o facto de que existe hoje na internet uma grande massa de informação disponível, a que qualquer um pode aceder gratuitamente).
O original do exemplar disponível na internet é propriedade da Cornell University Library (Biblioteca da Universidade de Cornell, Estados unidos da América) e foi comprado com a renda do Sage Endowment Fund,( Fundo da Doação Sage), oferecido pelo Sr. Henry W. Sage em 1891. (Henry W. Sage foi um rico homem de negócios que, numa atitude muito típica dos americanos ricos doou, em finais do Século XIX, um total de cerca de 2,375 milhões de dólares à Universidade de Cornell, (v. o seu obituário publicado no jornal New York Times, no dia 19-9-1897, disponível, em:
http://query.nytimes.com/mem/archive-free/pdf?_r=1&res=9502E4DD1039E433A2575AC1A96F9C94669ED7CF))
O livro em questão é muito interessante para o estudo da história das invasões francesas em Portugal e, em particular, na região de Alcobaça, assunto a que dedica cerca de uma dúzia de páginas e é absolutamente notável a qualidade dos mapas que contém.
Ficamos a saber que a unidade do exército britânico a que pertencia o Tenente-Coronel Tomkinson, atravessou a nossa região durante a segunda Invasão Francesa, a caminho do norte do país onde foi combater Soult, tendo saído de Rio Maior em 2 de Maio de 1809, para chegar à Batalha no dia seguinte e a Coimbra no dia 6. Uma vez que, naturalmente, seguiram pela Estrada de D. Maria Pia (actual IC2), passou junto à Ataíja onde, pelos menos os batedores da cavalaria, não terão deixado de entrar.
O Tenente-Coronel Tomkinson passou, de novo, pela nossa região em 5 ou 6 de Outubro de 1810, fazendo parte do exército luso-britânico que havia travado a Batalha do Bussaco e se retirava para as Linhas de Torres. Isto, quer tenha integrado a parte do exército que seguiu por Alcobaça e Caldas da Raínha (nesse caso passando por Aljubarrota), quer a parte do exército que se dirigiu a Rio Maior, pela Estrada de D. Maria Pia. (uma terceira parte do exército caminhou para a região de Lisboa por Ourém e Tomar).
Mais tarde, em 1811, entre os princípios de Janeiro e os de Março, a unidade em que o Tenente-Coronel Tomkinson se integrava esteve instalada na nossa região (esteve, durante algum tempo, sediada em Alfeizerão), conforme descreve a páginas 67 a 78 do seu livro, envolvendo-se em diversos episódios com as tropas francesas. É neste contexto que relata a situação em que encontrou o Mosteiro de Alcobaça, de que fala Rui Rasquilho.
O livro contém referências expressas a factos ocorridos em Alcobaça. Alfeizerão, Aljubarrota, Carvalhos (Pedreiras), Batalha, Cela, Évora, Famalicão, Pederneira, São Martinho e Vestiaria.
Em 6 de Janeiro de 1811, assinala o Diário, as tropas francesas do General Drouet D’Erlon, aquarteladas em Leiria, andavam a pilhar todas as aldeias em redor de Alcobaça, onde os habitantes, habituados às exigências exorbitantes dos frades, tinham por costume antigo esconder os bens. Os franceses, esses, tinham-se tornado tão peritos em encontrar os lugares onde os habitantes escondiam os seus bens, milho, vinho e azeite que, diz Tomkinson, chegavam a inundar os terrenos em redor das casas e escavavam nos sítios onde a água se sumia pois aí, provavelmente, estavam covas onde se escondia o milho e mediam as casas por fora e por dentro para tentar encontrar divisões secretas onde esses bens estivessem escondidos. (recorde-se que os franceses não dispunham de outro modo de se alimentar e aos animais, senão pilhando os bens das populações).
Em 7 de Março, tendo recebido ordem para seguir para Leiria e Ourém, Tomkinson passa em Alcobaça e anota que a destruição no Mosteiro excede tudo o que antes tinha visto. Os túmulos de D. Pedro e de D. Inês estavam arrombados e os franceses tinham queimado o que puderam (segundo Rasquilho, Tomkinson diz que o incêndio do Mosteiro durou 22 dias mas,não encontramos essa referência no livro) e destruído o restante, num trabalho deliberado e moroso, demasiado trabalho para o resultado, diz.
Em 9 de Março Tomkinson está na Batalha e anota que os franceses, na sua retirada, saqueiam, incendeiam e destroem as vilas e aldeias por onde passam, deixando os camponeses na maior miséria e matam muitos “cujos corpos nós vemos em cada dia que passa”.
Olá
ResponderEliminarOlá
ResponderEliminarSaudações! Parabéns pelo blogue, Mantenho um blogue monográfico sobre Alfeizerão e, desconhecendo o estudo do Rui Raquilho, encontrei o diário de Tomkinson no Archive.org, e publiquei a tradução do trecho em que se trata de Alfeizerão e que inclui o relato das depredações no mosteiro de Alcobaça. Envio-lhe a hiperligaçao para o post alusivo, para o caso de lhe interessar ler.
ResponderEliminarhttp://alfeizerense.blogspot.pt/2015/01/o-diario-de-um-oficial-de-cavalaria.html
Obrigado. Li, com muito interesse o seu post (e hei-de ler outros cujos sumários já despertaram a minha atenção).
EliminarAdicionei o "Alfeizerão" a "A minha lista de blogues"
Grato. Disponha sempre. Um abraço! José
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